quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
Antes dos fogos de artifício...
Não sei se são os ares de mudança que toda virada de ano trás consigo, ou se é a parte otimista restante da minha personalidade que insiste em acreditar que o ano que vem será melhor do que o que passou, mas há algo revigorante em planejar mudanças positivas para os próximos meses quando, no fim das contas, não se pode realmente prever o que vai acontecer, somente esperar. E torcer. Dizem que essa imprevisibilidade é a beleza da vida. Vai saber...
Sou o tipo de pessoa supersticiosa. Afinal, sou alguém que tem uma pimenta tatuada no pulso para espantar mau-olhado. Logo, fiquei de olho em todas as dicas possíveis, desde as do Fantástico, passando por uma revistinha de astrologia que minha mãe comprou, e até as palavras aleatórias e pouco embasadas de amigos meus. Se me dizem que eu tenho que passar o ano com acessórios dourados, pois ano que vem será o ano do Sol, assim será. Não faço a menor idéia da diferença entre o ano do Sol e o ano da Lua, se é que ele existe, mas não cabe ao supersticioso entender, necessariamente. Ele só faz e acredita que dá certo. No ano do Sol, eu posso no mínimo ir muito à praia e tentar me conectar com ele. Não me conectar a nível de uma queimadura de terceiro grau ou uma insolação, mas conectar...não custa nada. E, obviamente, torcer para que o meu bolso também fique (bastante) mais dourado neste ano que chega. Também me disseram para usar azul, pois é a cor do meu signo. Sendo assim, pintei as unhas de azul. Todos os anos, loto a coitada da Iemanjá de pedidos e promessas. Dia desses, minha mãe sonhou com tudo verde. Ela costuma ter previsões boas, ou pelo menos eu gosto de acreditar que são previsões. De qualquer maneira, minha sandália é verde- claro, por via das dúvidas. Por via das dúvidas também, meu vestido será branco, uma vez que é a mistura de todas as cores (isso faz todo sentido do mundo), e na barra dele há listras de todas as cores: vermelho para paixão, azul para harmonia, verde para prosperidade e saúde, amarelo para dinheiro. Matei vários coelhos com uma cajadada só. O supersticioso de verdade peca pelo excesso.
Por ora, é isso. Fico por aqui desejando a todos um 2009 repleto de luz e possibilidades proveitosas. Saúde, dinheiro e a companhia daqueles que mais estimamos por perto. Que o mundo saia da crise econômica, que se acabem os conflitos na faixa de Gaza, que o Obama seja realmente tudo que esperamos que ele seja, que todos os terroristas e traficantes do mundo morram engasgados e, last but not least, que o otimismo e as vibrações positivas que pairam sobre estes últimos dias do ano inspirem todo o ano que chega. Termino com um “tudo de bom”. É clichê, mas é de coração.
sábado, 1 de novembro de 2008
Abstinência textual.
Porém, mais por falta do tal tempo do que por falta de vontade de escrever. Para os leitores (há algum?), explico: estou virando gente grande, minha gente. Não, não me refiro a crescimento, pois minha altura é a mesma desde a oitava série. Também não vou casar e não estou grávida, isso está mais longe de mim do que a possibilidade de agarrar o Malvino Salvador. A grande questão é que estou me formando. Em dois meses, serei uma cineasta formada, olha que legal! Ahn...ok, eu repito para mim mesma que é legal, porque senão, depois de quatro anos, corto os pulsos. Aí tem aquela velha monografia que há tempos (olha ele aí de novo!) vinha atormentando a cabeça e, agora, mais presente do que nunca, tem tomado todo o meu tempo (ok, chega dele.).
Minha defesa é nesse mês. Estou contando os dias e os minutos enquanto tento, com todos os artifícios possíveis, fazer com que meus dias tenham mais de vinte e quatro horas.
Não é que eu esteja sem escrever. Escrever é tudo que eu tenho feito ultimamente. A diferença é a relevância do que está sendo escrito, e ainda não consegui concluir onde importa mais (ou menos) ... se aqui ou lá.
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
Bye bye, Joker.
sexta-feira, 18 de julho de 2008
"Eu bem que avisei a ela, o tempo passou na janela e só Carolina não viu." (Chico Buarque)
quinta-feira, 3 de julho de 2008
Cada desgraça é um flash.
Durante quatro meses, o diretor Guilhermo Planel e sua equipe entrevistaram um time de especialistas no assunto: os maiores fotógrafos dos maiores jornais do Rio de Janeiro, nomes como Alcyr Cavalcanti, Alaor Filho, Alex Ferro, Alexandre Brum, André Teixeira, Berg Silva, Carlo Wrede, Custódio Coimbra, Daniel Ramalho, Domingos Peixoto, Estefan Radovicz, Evandro Teixeira, Flávio Damm, Gabriel de Paiva, Ignácio Ferreira, Ivo Gonzalez, João Laet, Luis Alvarenga, Luis Morier, Marcelo Carnaval, Marcelo Franco, Marcia Folleto, Marcos Tristão, Michel Filho, Nilton Caludino, Orlando Abrunhosa, Patrícia Santos, Severino Silva, Uanderson Fernandes e Wilton Jr. Além de entrevista-los, a equipe acompanhou alguns deles em seus dias de trabalho, inclusive colocando-se no meio do fogo cruzado de um tiroteio entre traficantes e policiais, o que não só confere ao filme um caráter realista, mas promove uma sensação de tensão no espectador ao assistir as imagens confusas, misturadas aos sons de tiros e gritos, o que tira de tal situação o status da “realidade próxima” que não está tão próxima assim, uma vez que só participamos dela lendo os jornais, e nos insere dentro da mesma, causando um desconforto, e até um medo em relação ao que pode estar por vir.
Fazendo jus ao gênero, “Abaixando a Câmera” se constitui de entrevistas e depoimentos, misturados às próprias fotos da dura realidade a qual o filme retrata. A luz utilizada é primordialmente natural, sem grandes efeitos, e as imagens do dia-a-dia dos fotógrafos são filmadas com a câmera na mão, sem preocupações estéticas mais elaboradas. O filme é eficaz quando se propõe a emocionar o espectador, ao colher depoimentos igualmente emocionados dos próprios fotógrafos e ao chamar atenção para o fato de que por trás das lentes da objetiva há um ser humano que também sofre e sente com as situações, e que precisa se dividir muitas vezes entre ajudar o fotografado vítima da crueldade, papel do cidadão de bem, e exercer seu trabalho e fotografar a crueldade, papel do jornalista. Os pré-julgamentos que porventura podem vir a surgir, como o argumento de que os jornais estão mais interessados em vender a realidade cruel do que ajudar a consertá-la também são postos em tela. Deixando os princípios capitalistas imutáveis de lado, os próprios profissionais fazem questão de deixar claro que o maior intuito individual de cada um deles (o que inclusive é, também, um impulso para eles continuarem fazendo o que fazem) é ajudar a mudar a realidade, uma ajuda que pode vir ou não a partir do momento em que estampa-se o absurdo que se passa em lugares como a Baixada Fluminense nas primeiras capas dos jornais, valendo-se menos do sensacionalismo e mais do sentimento de revolta. Infelizmente, porém, a população num geral está tão acostumada com tais manchetes que não mais se comovem, pelo menos não a nível de querer fazer algo, com elas. Uma vez que um documentário, por mais imparcial que se proponha a ser tem, como qualquer arte, um toque do seu realizador ao fundo e, por isso, jamais conseguirá ser totalmente imparcial, percebe-se que o filme apóia essa idéia de que os profissionais do fotojornalismo não vendem a crueldade, beneficiando-se dela, mas procuram, a seu modo, mudá-la, principalmente ao colher depoimentos também de psicanalistas, como uma doutora que afirma que “O obsceno está na realidade, não na foto.”.
Assim, tomamos contato, senão pela primeira, por uma das primeiras vezes, com os seres humanos que existem por trás de cada foto. Seres humanos que deixam suas famílias todos os dias para enfrentar as piores e mais perigosas cenas, e o filme também apela para esse lado clichê e sentimental, ao retratar os fotógrafos com suas imagens de São Jorge no bolso e outros amuletos de proteção. Ainda assim, seres humanos que se arriscam como kamikazis em prol de um clique perfeito, mas que não deixam de se questionar. E as mesmas questões que eles possuem são as que “Abaixando a Câmera” nos deixa: Qual a capacidade que essas fotos possuem de nos comover? Será que a quantidade de sangue derramado e fotografado é diretamente proporcional ao choque no leitor? Qual é o limiar entre o exibicionismo e o “lucrar com a desgraça” alheia e a tarefa da exaustiva tentativa de alertar o povo, com a melhor das intenções? Afinal, qual é o momento de “abaixar a câmera”, ou seja, aquele momento em que todo e qualquer profissionalismo precisa sucumbir e dar espaço à ética, ao respeito e à cidadania. Pessoalmente, saí do cinema com essas e várias outras questões que até hoje não foram respondidas na minha cabeça, e realmente acredito que o filme se propôs menos a achar respostas e mais a implantar perguntas. O que é certo é que entendemos que a profissão do jornalista, uma vez que maneja a realidade ao escolher qual cena retratar, qual ângulo escolher, qual lente usar, ou seja, qual viés da informação passar para a sociedade num geral é tão importante que chega a ser perigosa. Por fim, a certeza com a qual saímos é a que um toque é igualmente crucial se dado em um botão de máquina fotográfica ou em um gatilho. As conseqüências é que, preferencialmente, serão distintas.
quarta-feira, 11 de junho de 2008
O sexo, a cidade, e eu.
segunda-feira, 12 de maio de 2008
"Por ela esse amor infinito, o amor mais bonito..."
terça-feira, 29 de abril de 2008
(mais uma) Sobre o tempo (que foi.)
domingo, 13 de abril de 2008
Pensamentos breves sobre viagens, também breves.
terça-feira, 18 de março de 2008
The show's over, folks .... (or not.)
Talvez meus olhos de brasileira, e ainda mais, de carioca, estejam (mal) acostumados a ver tanta nudez despropositada o tempo todo. Acho já tudo muito normal. E não me tomem como falsa moralista, tenho nojo eterno de falsos moralistas, por isso que estou me deleitando com esse bafafá do governador de Nova York e, ao mesmo tempo, não consigo compreender o cerne da estória. Cada vez que um político é flagrado em uma situação, digamos, pouco aceita e/ou aceitável no que diz respeito a conduta moral, principalmente sexual, as pessoas arregalam os olhos e, surpresas e chocadas (?), esbravejam que não conseguem acreditar. Não conseguem acreditar em que? Desde quando a política é um santuário de homens e mulheres bentos, perfeitos, sem falhas, sem perversões, sem taras? A política ainda é feita de seres humanos, ou eu estou totalmente por fora? E não me entendam mal, não estou defendendo o Spitzer, nem Renan Calheiros, nem o Clinton, nem nenhum dos outros milhares de senhores respeitáveis, representantes do povo (tal designação nunca foi tão coerente) nos Governos. Estou simplesmente me questionando qual é a grande surpresa. Podem me dizer que tal reação ocorreu dado o passado político do Spitzer, como um dos maiores defensores da ética americana, procurador-geral do estado durante anos, que, inclusive, ajudou a estourar uma rede de prostituição e a endurecer a lei que punia cidadãos que procurassem prostitutas. Pelo que fiquei sabendo, Spitzer construiu durante anos uma imagem de puritano, bem casado, que zelava pela ética e pela lei acima de qualquer coisa. Sério, é por isso que as pessoas se assustaram? Porque essas causas de assombro para a maioria são, pra mim, os motivos primeiros para eu desconfiar. Das duas uma: ou é ingenuidade ou hipocrisia. Não creio na primeira, porque já estamos calejados o suficiente, e ninguém pode ser tão ingênuo a ponto de acreditar que existam seres humanos perfeita e moralmente intocáveis assim. Todo mundo, e enfatizo, todo mundo mesmo, tem poeira embaixo do próprio tapete. Simplesmente porque somos todos seres humanos constituídos de, como já diria o título desse blog, neuroses e desejos. E por mais que se defenda a ética e os bons costumes, todos são passíveis de erro. Ouso dizer, ainda, que aqueles que defendem, principalmente publicamente, a moral e a lei são ainda mais passíveis do tal erro, porque reprimem demais aquilo que sentem. Bato o pé no chão e insisto que é tudo um bando de hipócrita. Particularmente, sigo no meu credo de que não ponho minha mão no fogo por absolutamente ninguém. Quando se espera demais de algo ou alguém, frequentemente o fim é a decepção. Já foi dito que “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”, e eu digo mais: sem hipocrisias, sem falsos-moralismos, sem querer vender imagens de puritanos porque isso não cola...cada um sabe a dor e a delícia, os riscos e os prazeres, de querer o que se quer, ainda que, e talvez especialmente, diante de olhos públicos atentos e ansiosos por mais julgamentos superficiais...e cheios de segundas intenções.
Obs: Spitzer renunciou ao cargo, e o novo governador de Nova York, David Peterson, é praticamente cego. Ele não enxerga absolutamente nada com o olho esquerdo e tem apenas 5% da visão no olho direito. Até aí tudo bem, se não fosse o fato de que ele não lê em braile e nem usa bengala para se guiar. É sério, só rindo. Os vizinhos lá de cima se superam a cada dia que passa.
domingo, 16 de março de 2008
Promessa de vida no meu coração.
terça-feira, 11 de março de 2008
BASTA. ( texto publicado no livro da UNESCO, "Como Vencer a Pobreza e a Desigualdade")
Tão grave quanto a existência dos problemas é ignora-los. A resolução destes está nas mãos daqueles que teimam em fingir que, ao cercar-se de grades em seus condomínios e artefatos de segurança, eles deixam de existir. Se não vemos o menino de rua, ele deixa de estar no sinal vendendo bala. Isso porque são as classes mais altas que possuem a educação e formação necessárias para tomar decisões, decidir o rumo do país. Porém, talvez por comodismo, não o fazem. A pobreza de bens materiais, de comida, existe em muito por causa da pobreza de altruísmo e solidariedade existente no Brasil. Somente em raras ocasiões, como no natal,o espírito de caridade floresce e os olhos se abrem para enxergar aquele que não tem nada, e é confortável enganar-se, achando que dar um prato de comida e um agasalho resolvem a situação.
Ao mesmo tempo, é comum a restrição do assunto desigualdade como se somente a sócio-economica existisse. Esta é, sim, mais evidente, já que temos constantemente contato com os índices discrepantes de distribuição de renda no Brasil, e com ela já fazendo parte do nosso cenário. O que não se percebe, porém, é que esta se dá, em muito, pela desigualdade de oportunidades. Se houvesse uma melhoria na educação pública de base, haveria uma igualdade maior na entrada para o ensino superior e conseqüente obtenção do diploma, requisito quase que fundamental hoje para a entrada no mercado de trabalho. Dessa forma, a disputa seria mais justa, com igualdade de oportunidades, e a desigualdade social deixaria de ser quase que uma marca de nascença para tantos.
Dessa forma, fica claro perceber que o vértice que estamos acostumados a lidar sobre os problemas abordados é somente a ponta do iceberg. É certo que a pobreza faz o estômago e o coração doerem, mas é o olhar pobre para com o próximo que piora a situação. Ao mesmo tempo, a desigualdade social é injusta mas não existe nem mesmo uma igualdade de oportunidades para haver justiça. Exterminar de vez tais doenças é utópico, uma vez que vivemos em um sistema que exige a existência da desigualdade para sobreviver. Podemos, sim, ameniza-las. Precisamos parar de insistir do clichê de que “o que os olhos não vêem o coração não sente.” Não só sente, como grita. Basta da solidariedade temporal. Basta da educação de base precária que limita a igualdade de oportunidades. Basta de venda nos olhos e elitismo. Basta, somente. E definitivamente.
sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
País das Maravilhas logo ali, virando a esquina.
Dizem que a felicidade é como uma borboleta. Quanto mais você tenta persegui-la, mais ela foge de você. Até que um dia, sem que você espere ou perceba, ela pousa no seu ombro. Idéia perigosa essa, uma vez que o comodismo é muito mais atrativo do que a dolorosa e persistente luta para se conseguir o que quer que seja. Gostaria demais de repousar no pensamento de que eu posso, sim, ficar simplesmente deitada na minha caminha que, quando eu menos esperar, aquilo tudo que eu almejo virá ao meu encontro. Vou mais além: em tempos nos quais "O Segredo" é best seller e a lei da atração virou hit, tudo isso me ensina que basta eu mandar pensamentos positivos que logo logo as coisas melhoram, certo? Em matéria de lutar para o que se quer na vida, basta mesmo só querer? O bom senso dirá que não, que você precisa lutar para o que você deseja, sendo que ninguém diz que diabos de luta é essa e que armas você precisa para poder ter ao menos a mais remota chance de vencê-la. Em quem eu acredito, na Lei da Atração ou no bom senso? Talvez o melhor caminho seja não se agarrar a nenhuma dessas crenças ou idéias pré-concebidas. Entendo que a Lei da Atração seja provada fisicamente, e não vou discutir com isso, mas tirando ela, todo o resto, para mim, não passa de um bando de filosofias baratas e superficiais. Particularmente, vou levando. Vou tentando viver a minha vida, alcançar os meus objetivos, sem me esquecer jamais do fato que a vida é, no final das contas, aquilo que está acontecendo enquanto tentamos montar o nosso futuro. Já foi dito que "é melhor ser alegre que ser triste", e nessa corrente, é melhor ser otimista e mandar pensamentos positivos pro Universo do que ser uma pessoa pessimista, rancorosa e chata. E ainda que a felicidade, a liberdade, os objetivos, o emprego dos sonhos, o amor da sua vida, os dias melhores sejam as vezes tão fugazes quanto o coelho branco, ainda que para tê-los tenhamos que passar por lugares e pessoas inexplicáveis, continuamos caminhando à procura do nosso próprio País das Maravilhas. Feito por nós. Sem coelhos brancos, gatos roxos ou Rainhas de Copas. No fim, pode ser tudo um sonho....Por hora, tento somente afastar a velha e cada vez mais conhecida voz do coelho, que insiste em repetir: "- É tarde, é tarde, é tarde ...".
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
Tem vela demais nesse bolo.
Levanto as mãos para os Céus sempre que acontecimentos surgem pra virar de cabeça pra baixo meus pré-conceitos, me mostrar como eu estava prematuramente equivocada. Hoje, meu tão grande dia, foi um deles. E não foram necessários um acerto na loteria, uma paixão fulminante ou um Prêmio Nobel pra que ele fosse especial – e renovador. Bastaram um mergulho no mar pra inicia-lo, família pra preenchê-lo e uma bela lua pra finaliza-lo.
Dizem que para quem acorda cedo o dia rende mais, mas acordar cedo hoje me rendeu mais do que uma prova de eu consigo fazê-lo apesar de todas as evidências, mas também um mar que parecia ter sido feito de presente pra mim. Lindo de ver e de sentir. Assim como a lua, cheia e imensa, que coroou o céu e a noite, fechando o b-day com a luz e o brilho que eu sempre procuro, todos os dias do ano. E no meio disso tudo, dos presentes que estão acima dos prazeres mercadológicos e comerciáveis, tão naturais e inocentes quanto o sorriso da minha afilhadinha de nem dois anos de idade ... no meio disso tudo veio a família. Primeiro a de sangue, pela qual eu sou tão grata de ter caído de cabeça no meio dela. Se eu pudesse escolher, ainda escolheria eles. Família que é família tem todos os problemas do mundo, mas me basta olhar para Guilherme e Giovanna, meus sobrinhos de 3 e 1 ano, respectivamente, que eu entendo tudo. Tudo mesmo. Depois dessa, a família que eu escolhi. Porque já é clichê dizer que os amigos são a família que você pode escolher, mas se o conceito de família é amar algumas pessoas incondicionalmente, apesar de todos os seus defeitos, o clichê é, mais uma vez, eficaz. Porque os meus amigos são tão lindos que só de ficar olhando eles conversarem me dá vontade de chorar. Me aperta o coração o medo de perdê-los ao mesmo tempo que me conforta saber que, mesmo que eu os perca, os momentos que eu vivo e vivi com eles jamais se perderão. Na minha memória de espaço infinito eles estarão sempre lá. E eles também não precisam fazer muita coisa. A simples existência deles me basta.
Discursos apaixonados à parte, eu só tenho a agradecer por cada momento do meu dia. No fim dele, me peguei olhando os últimos segundos passarem no relógio até virar para o dia seguinte. E, ainda assim, não conseguia tirar os olhos da(quela) lua. Tão cheia quanto meu dia, tão brilhante quanto as minhas famílias, tão distante quanto os sonhos dessa velha de 21 anos.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
Sobre o mar e o orgulho.
O verão desse ano no Rio não tem sido particular somente pela aparição esporádica e festejada do sol no céu, como se ele tivesse cansado do clichê de proporcionar sempre dias lindos e resolveu dar uma descansada nessa estação. Ele tem sido ímpar também, pelo menos na minha vida, pela quantidade de rompimentos em relacionamentos que eu tenho presenciado. Ultimamente, uma das coisas que eu mais tenho feito tem sido brincar de psicóloga com os meus amigos recém praticantes da dor de cotovelo, cuspindo regras e conceitos como se eu tivesse alguma noção do assunto. Acima de tudo, tenho tentado entender como acontecem as mudanças radicais na personalidade de uma pessoa marcadas pelo momento do “não está dando mais.”. O que antes era eterno, virou passado enterrado. E é nesse momento que surge, ou ressurge, nunca se sabe, aquela característica que provavelmente está intrínseca em todo ser humano, mas que vem à tona principalmente em momentos como esse: o tal o orgulho.
Nessa noite, eu me peguei pensando sobre o orgulho. Todas as pessoas são, em diferentes níveis, orgulhosas? O nível do orgulho é diretamente proporcional à quantidade de feridas que uma pessoa acumulou durante a vida? Ser minimamente orgulhoso é necessário? Em matéria de relacionamentos, em que momento o excesso de orgulho se confunde com a arrogância, e a escassez dele, com a humilhação?
Um amigo meu certa vez me disse que, se um dia ele passasse por cima do seu orgulho por uma mulher seria uma tremenda declaração de amor, como se esse ato fosse quase um crime e o orgulho fosse uma característica positiva que ele não ousaria largar de mão, como ser bom caráter, por exemplo. Para ele, como para muitos outros homens, o orgulho é ao mesmo tempo um refúgio dentro deles e uma capa que eles usam para evitar que algo, ou alguém, ensaie revelar para o mundo inteiro essa "fraqueza" deles. Me pergunto o quanto uma pessoa perde ao ser orgulhosa em excesso. O tanto de coisas que ela poderia fazer ou dizer a alguém se não fosse o medo de se revelar. Eu sei que, em muitos momentos, uma pitada de orgulho é sinônimo de amor próprio, e demonstrar o que se sente não quer dizer se humilhar para quem não merece. O grande desafio, talvez, seja encarar o orgulho como se fosse uma alavanca vermelha, e se soubesse exatamente a hora de aciona-la, ou não. Afinal, a certeza que se tem ao jogar os dados pra saber no que vai dar é que, inevitavelmente, vai dar alguma coisa. Se nos fecharmos sempre dentro de nós mesmos, se deixarmos o orgulho exacerbado criar raízes e tomar força em nós, talvez nunca iremos experimentar emoções diferentes, nunca teremos desilusões para com as quais aprender a viver e, acima de tudo, estaremos nos privando da possibilidade de surpresas muito boas, reviravoltas prazerosas acontecerem. Seria mais fácil se essa tal dessa alavanca vermelha estivesse a venda em lojas, do lado dos livros de auto-ajuda. Eu certamente compraria umas quinze delas, só pra ter em estoque. Mas convenhamos, eu já vivo em um lugar no qual eu posso, a qualquer momento, correr pra orla, sentar em um banquinho de praia e não pagar para ficar quantos momentos eu quiser olhando um infinito de beleza que é esse mar-azul-perolado da minha cidade, até me perder – e perder – os pensamentos. Facilidade demais enjoa. Sinceramente.
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
Pêra, uva, maçã ... aham, salada mista.
Como boa aquariana, li o horóscopo somente no fim do dia, feliz em não acreditar em nenhuma palavra sequer. Principalmente porque tenho quase certeza que li essa mesma previsão para os nativos de câncer no mês passado. São sombrios os mistérios que envolvem horóscopos de jornais...
“(...)tipo deixar tudo o que for difícil para depois”. Escrever é difícil, e eu tenho deixado para depois há tempos. Fato. É difícil demais. Ainda mais com todo o peso e responsabilidade de um primeiro post em um blog que, francamente, não se espera a presença de mais de uma dúzia de pessoas. E isso porque eu estou sendo otimista. Por que eu insisto em pensar que tenho um grande trabalho pela frente, então?
Bom, todo mundo sabe que Freud era meio tarado. Ok, que me perdoem os seus seguidores fervorosos, mas o cara era um tanto quanto transtornado. Tudo ele tinha que relacionar, de uma forma ou de outra, a sexo e desejo. Pelas pessoas, pela mãe, pelo pai, pelo cachorro do vizinho (ou pela cachorra da vizinha – em ambos os sentidos). Certa vez, em um dos seus estudos, falou que há duas forças instintivas opostas: a sexual (erótica ou fisicamente gratificante),e a agressiva ou destruidora, e que essas duas forças são as mantenedoras da vida, ou incitadoras da morte. Mais tarde, descobriu que elas atuam juntas.
Mas por que esse bla bla bla de Freud? Porque o cara podia ser um pervertido, mas tinha razão. Há tempos venho querendo buscar inspirações nos recônditos mais sugestivos e inabitáveis da minha mente perturbada pra postar algo aqui. Porque escrever ainda é a saída que eu encontro pra tantos males, tantas perturbações. Escrevo até sobre o não escrever. Sobre a falta que me faz. Sobre a inspiração, ou a nulidade dela. Escrevo tanto que me vicio. E a abstinência me faz sofrer. Sou a prova viva de que as forças instintivas de Freud atuam juntas. Escrever, pra mim, pode até não chegar ao ponto de ser uma atividade orgásmica, mas é fisicamente gratificante, pois exercito o cérebro, a mente, e o ego (por que não, fisicamente, o ego?). Acima de tudo, tento colocar pra fora, em poucas ou muitas palavras, a tradução do que eu sinto nos mesmos recônditos lá de cima, por mais brega que isso possa soar. Ao mesmo tempo é uma força destruidora na minha vida, pois me apoio no que disse Truman Capote: “Eu me divertia muito escrevendo. Parei de me divertir quando descobri a diferença entre escrever mal e escrever bem. Depois, fiz uma descoberta ainda mais importante: a diferença entre escrever bem e a verdadeira arte. Foi brutal”. Ele conseguia fazer arte, e a arte dele é atemporal. Hoje em dia, o conceito de arte é um tanto confuso, mas nem vou começar a falar sobre isso aqui, agora. Já falei sobre horóscopo, sobre Freud, sobre Capote ... e começo a ter a impressão de que não faço idéia do que eu esteja falando. Mas em matéria de qualificar ou explicar sentimentos, alguém faz idéia?