quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Antes dos fogos de artifício...

O que eu mais gosto nessa entidade comercial chamada “festas de fim de ano” são as resoluções de ano novo. Como vegetariana, pouco aproveito da ceia de natal. Como maior de idade, não ganho mais presente do Papai Noel. E como recém-formada-desempregada, não tenho dinheiro para pagar uma super festa em algum hotel luxuoso. Sendo assim, as resoluções de ano novo são o que me restam.
Não sei se são os ares de mudança que toda virada de ano trás consigo, ou se é a parte otimista restante da minha personalidade que insiste em acreditar que o ano que vem será melhor do que o que passou, mas há algo revigorante em planejar mudanças positivas para os próximos meses quando, no fim das contas, não se pode realmente prever o que vai acontecer, somente esperar. E torcer. Dizem que essa imprevisibilidade é a beleza da vida. Vai saber...
Sou o tipo de pessoa supersticiosa. Afinal, sou alguém que tem uma pimenta tatuada no pulso para espantar mau-olhado. Logo, fiquei de olho em todas as dicas possíveis, desde as do Fantástico, passando por uma revistinha de astrologia que minha mãe comprou, e até as palavras aleatórias e pouco embasadas de amigos meus. Se me dizem que eu tenho que passar o ano com acessórios dourados, pois ano que vem será o ano do Sol, assim será. Não faço a menor idéia da diferença entre o ano do Sol e o ano da Lua, se é que ele existe, mas não cabe ao supersticioso entender, necessariamente. Ele só faz e acredita que dá certo. No ano do Sol, eu posso no mínimo ir muito à praia e tentar me conectar com ele. Não me conectar a nível de uma queimadura de terceiro grau ou uma insolação, mas conectar...não custa nada. E, obviamente, torcer para que o meu bolso também fique (bastante) mais dourado neste ano que chega. Também me disseram para usar azul, pois é a cor do meu signo. Sendo assim, pintei as unhas de azul. Todos os anos, loto a coitada da Iemanjá de pedidos e promessas. Dia desses, minha mãe sonhou com tudo verde. Ela costuma ter previsões boas, ou pelo menos eu gosto de acreditar que são previsões. De qualquer maneira, minha sandália é verde- claro, por via das dúvidas. Por via das dúvidas também, meu vestido será branco, uma vez que é a mistura de todas as cores (isso faz todo sentido do mundo), e na barra dele há listras de todas as cores: vermelho para paixão, azul para harmonia, verde para prosperidade e saúde, amarelo para dinheiro. Matei vários coelhos com uma cajadada só. O supersticioso de verdade peca pelo excesso.
Por ora, é isso. Fico por aqui desejando a todos um 2009 repleto de luz e possibilidades proveitosas. Saúde, dinheiro e a companhia daqueles que mais estimamos por perto. Que o mundo saia da crise econômica, que se acabem os conflitos na faixa de Gaza, que o Obama seja realmente tudo que esperamos que ele seja, que todos os terroristas e traficantes do mundo morram engasgados e, last but not least, que o otimismo e as vibrações positivas que pairam sobre estes últimos dias do ano inspirem todo o ano que chega. Termino com um “tudo de bom”. É clichê, mas é de coração.

sábado, 1 de novembro de 2008

Abstinência textual.

Faz tempo que não escrevo aqui. Faz tempo, inclusive, que não falo sobre o tempo, um de meus assuntos preferidos, por mais abstrato que possa ser. Este blog está sofrendo de uma abstinência braba, coitado.

Porém, mais por falta do tal tempo do que por falta de vontade de escrever. Para os leitores (há algum?), explico: estou virando gente grande, minha gente. Não, não me refiro a crescimento, pois minha altura é a mesma desde a oitava série. Também não vou casar e não estou grávida, isso está mais longe de mim do que a possibilidade de agarrar o Malvino Salvador. A grande questão é que estou me formando. Em dois meses, serei uma cineasta formada, olha que legal! Ahn...ok, eu repito para mim mesma que é legal, porque senão, depois de quatro anos, corto os pulsos. Aí tem aquela velha monografia que há tempos (olha ele aí de novo!) vinha atormentando a cabeça e, agora, mais presente do que nunca, tem tomado todo o meu tempo (ok, chega dele.).

Minha defesa é nesse mês. Estou contando os dias e os minutos enquanto tento, com todos os artifícios possíveis, fazer com que meus dias tenham mais de vinte e quatro horas.
Não é que eu esteja sem escrever. Escrever é tudo que eu tenho feito ultimamente. A diferença é a relevância do que está sendo escrito, e ainda não consegui concluir onde importa mais (ou menos) ... se aqui ou lá.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Bye bye, Joker.

Considerações breves sobre "Batman - The Dark Knight", em cartaz nos cinemas: tá bom, fãs de quadrinhos de plantão, até entendo o frenesi que vem causando. Porém, entendo no sentido de aceitar, e não de compreender. Batman é, pura e simplesmente, um filme feito para impressionar o grande público, se pautando em grandes performances e efeitos especiais ainda mais grandiosos; e, é claro, não podemos esquecer das atraentes vantagens que as salas super modernas de cinema hoje em dia oferecem. A tecnologia é tanta e tão bem feita que temos a impressão certa de que as explosões estão ocorrendo ao nosso lado e o Coringa está sussurrando nos nossos ouvidos um "why so serious?" de dar (muito) medo. Agora, experimente alugar o filme quando sair em DVD e vir na sua sala de estar um tanto mais modesta. Posso garantir que a impressão não será a mesma. Tudo bem, nada contra, mas não me diz muita coisa. É barulhento demais, longo demais, e o roteiro é, no fim das contas, superficial. Não seria capaz de segurar três horas se não fosse por presenças como Michael Cane e Heath Ledger. Mas ninguem vai assistir Batman esperando grandes lições de vida. Ou vai?
O que, de fato, merece nossa atenção é o Heath Ledger. Colocando de lado todo clichê sentimental que nos expõe ao perigo de previamente achar o cara genial só porque morreu cedo e tragicamente, assisti-lo criar uma nova faceta para o Vilão-palhaço só me fez sentir uma angústia profunda pelos muitos anos que o Cinema perdeu de Heath Ledger, e pelos muitos projetos certamente brilhantes que ele ainda realizaria. Heath era um ator profundamente talentoso, versátil e esforçado, sem dúvidas um grande ator em potencial. É uma pena ter nos deixado tão cedo, tendo provado tão pouco, ainda que intensamente, do que ele era capaz de oferecer. Esses papos de que o Coringa matou o Heath Ledger, que o Nicholson avisou, essa ladainha de Oscar póstumo ... nada disso interessa; corre o risco, inclusive, de ser forçado demais. O que interessa, e importa, é que o Joker de Heath fez com que ele fechasse as cortinas em grande estilo, marcando para sempre as nossas mentes como muito mais e muito melhor do que um James Dean moderno, mas como a prova do que é capaz de realizar um ator inspirado quando mergulha profundamente em seu personagem, e principalmente, quando tem o verdadeiro - e valiosíssimo - dom de atuar. Já deixou eternas saudades.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

"Eu bem que avisei a ela, o tempo passou na janela e só Carolina não viu." (Chico Buarque)

Passo o tempo. Enquanto o tempo passa, passo eu. O tempo passa sem mim enquanto eu passo pelo tempo. Vejo o tempo passar e espero. E é a inútil espera que mata o tempo, este que continua a passar ainda que eu não passe por ele. O que é a espera, além de crepúsculos que se somam sem acontecimentos frente ao meu olhar de memórias? Pelo que a espera é constituída, se nem eu mesma sei o que quero que venha? Sei, pois, muito mais do que eu não quero, e assim, a espera vai se fazendo de negações medrosas, de estranhos receios do desconhecido que me espera ali, a segundos, na rosa que nasceu, na gente que sambou, no barco que partiu...em tudo que ainda não tive, vi, vivi. Ainda negando, e ainda que negue, espero. Espero esperando um dia esperar sem negar; esperar pelo perpétuo, pela promessa do imutável ideal. Mais ainda, espero um dia não mais ver passar o tempo esperando, mas passar junto com o tempo. Ver o tempo passar na janela e saber, finalmente, que não preciso mais esperar.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Cada desgraça é um flash.

Dessa vez eu tive uma desculpa para o meu sumiço. Não que ela tenha muita credibilidade, porque sempre rola aquele ar de picaretagem, mas dessa vez há uma verdade maior. Todos sabem que sou uma universitária, correto? E como toda universitária, sofro com finais de semestres. Esse foi especial, ou pelo menos, especialmente atarefado. Um dos trabalhos de uma matéria que estou fazendo era cobrir o Cine Sul, o festival de cinema híbero-americano que rolou durante as duas semanas passadas aqui no Rio de Janeiro. Posso confessar eu gostei? De início, tive aquela leve preguiça de ir até o centro da cidade só para assistir primores como documentários colombianos e mexicanos, mas no fim das contas, felizmente, me surpreendi. Não pela qualidade do que assisti, mas pelo fato de que, volta e meia, acredito que é importante mesmo, para mim, assistir ao que os caras tão fazendo lá fora e que não tem tanta repercussão aqui dentro. Temos, sim, mais similaridades com nossos hermanos do que pensamos. Porém, apesar de ter assistido muita coisa dos nossos vizinhos aqui da América Latina, talvez o filme que mais tenha me agradado tenha sido um brasileiríssimo.
“Abaixando a Máquina – Ética e Dor no Fotojornalismo Carioca” é um documentário brasileiro de 2007 que joga os holofotes em um assunto que, embora passe pelas vidas dos cidadãos que abrem os jornais todos os dias, raramente torna-se foco de questionamentos: a vida dos fotógrafos que vivem de fotografar as cenas mais grotescas da realidade carioca, como a guerra do tráfico, a fome, a pobreza, e até mesmo enterros de totais desconhecidos, que vêm a ser as vítimas dessas calamidades.
Durante quatro meses, o diretor Guilhermo Planel e sua equipe entrevistaram um time de especialistas no assunto: os maiores fotógrafos dos maiores jornais do Rio de Janeiro, nomes como Alcyr Cavalcanti, Alaor Filho, Alex Ferro, Alexandre Brum, André Teixeira, Berg Silva, Carlo Wrede, Custódio Coimbra, Daniel Ramalho, Domingos Peixoto, Estefan Radovicz, Evandro Teixeira, Flávio Damm, Gabriel de Paiva, Ignácio Ferreira, Ivo Gonzalez, João Laet, Luis Alvarenga, Luis Morier, Marcelo Carnaval, Marcelo Franco, Marcia Folleto, Marcos Tristão, Michel Filho, Nilton Caludino, Orlando Abrunhosa, Patrícia Santos, Severino Silva, Uanderson Fernandes e Wilton Jr. Além de entrevista-los, a equipe acompanhou alguns deles em seus dias de trabalho, inclusive colocando-se no meio do fogo cruzado de um tiroteio entre traficantes e policiais, o que não só confere ao filme um caráter realista, mas promove uma sensação de tensão no espectador ao assistir as imagens confusas, misturadas aos sons de tiros e gritos, o que tira de tal situação o status da “realidade próxima” que não está tão próxima assim, uma vez que só participamos dela lendo os jornais, e nos insere dentro da mesma, causando um desconforto, e até um medo em relação ao que pode estar por vir.
Fazendo jus ao gênero, “Abaixando a Câmera” se constitui de entrevistas e depoimentos, misturados às próprias fotos da dura realidade a qual o filme retrata. A luz utilizada é primordialmente natural, sem grandes efeitos, e as imagens do dia-a-dia dos fotógrafos são filmadas com a câmera na mão, sem preocupações estéticas mais elaboradas. O filme é eficaz quando se propõe a emocionar o espectador, ao colher depoimentos igualmente emocionados dos próprios fotógrafos e ao chamar atenção para o fato de que por trás das lentes da objetiva há um ser humano que também sofre e sente com as situações, e que precisa se dividir muitas vezes entre ajudar o fotografado vítima da crueldade, papel do cidadão de bem, e exercer seu trabalho e fotografar a crueldade, papel do jornalista. Os pré-julgamentos que porventura podem vir a surgir, como o argumento de que os jornais estão mais interessados em vender a realidade cruel do que ajudar a consertá-la também são postos em tela. Deixando os princípios capitalistas imutáveis de lado, os próprios profissionais fazem questão de deixar claro que o maior intuito individual de cada um deles (o que inclusive é, também, um impulso para eles continuarem fazendo o que fazem) é ajudar a mudar a realidade, uma ajuda que pode vir ou não a partir do momento em que estampa-se o absurdo que se passa em lugares como a Baixada Fluminense nas primeiras capas dos jornais, valendo-se menos do sensacionalismo e mais do sentimento de revolta. Infelizmente, porém, a população num geral está tão acostumada com tais manchetes que não mais se comovem, pelo menos não a nível de querer fazer algo, com elas. Uma vez que um documentário, por mais imparcial que se proponha a ser tem, como qualquer arte, um toque do seu realizador ao fundo e, por isso, jamais conseguirá ser totalmente imparcial, percebe-se que o filme apóia essa idéia de que os profissionais do fotojornalismo não vendem a crueldade, beneficiando-se dela, mas procuram, a seu modo, mudá-la, principalmente ao colher depoimentos também de psicanalistas, como uma doutora que afirma que “O obsceno está na realidade, não na foto.”.
Assim, tomamos contato, senão pela primeira, por uma das primeiras vezes, com os seres humanos que existem por trás de cada foto. Seres humanos que deixam suas famílias todos os dias para enfrentar as piores e mais perigosas cenas, e o filme também apela para esse lado clichê e sentimental, ao retratar os fotógrafos com suas imagens de São Jorge no bolso e outros amuletos de proteção. Ainda assim, seres humanos que se arriscam como kamikazis em prol de um clique perfeito, mas que não deixam de se questionar. E as mesmas questões que eles possuem são as que “Abaixando a Câmera” nos deixa: Qual a capacidade que essas fotos possuem de nos comover? Será que a quantidade de sangue derramado e fotografado é diretamente proporcional ao choque no leitor? Qual é o limiar entre o exibicionismo e o “lucrar com a desgraça” alheia e a tarefa da exaustiva tentativa de alertar o povo, com a melhor das intenções? Afinal, qual é o momento de “abaixar a câmera”, ou seja, aquele momento em que todo e qualquer profissionalismo precisa sucumbir e dar espaço à ética, ao respeito e à cidadania. Pessoalmente, saí do cinema com essas e várias outras questões que até hoje não foram respondidas na minha cabeça, e realmente acredito que o filme se propôs menos a achar respostas e mais a implantar perguntas. O que é certo é que entendemos que a profissão do jornalista, uma vez que maneja a realidade ao escolher qual cena retratar, qual ângulo escolher, qual lente usar, ou seja, qual viés da informação passar para a sociedade num geral é tão importante que chega a ser perigosa. Por fim, a certeza com a qual saímos é a que um toque é igualmente crucial se dado em um botão de máquina fotográfica ou em um gatilho. As conseqüências é que, preferencialmente, serão distintas.
ps: Os trabalhos de fim de semestre continuam. Não, ainda não estou de férias. Damn it.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

O sexo, a cidade, e eu.

Costumo reclamar com freqüência que, desde que entrei na faculdade de Cinema, perdi o encanto com ele. Não consigo mais assistir a um filme sem pensar no posicionamento de câmera, no enredo, na atuação do ator, na direção de arte, nos efeitos óticos possivelmente usados. Em todos os aspectos técnicos que os profissionais - e aprendizes a tal - precisam dominar para que o grande público jamais perca o tal encanto. Aprendemos que o cinema chamado clássico-narrativo, que Hollywood nos acostumou a assistir e consumir, tem como grande trunfo e característica “esconder” suas artimanhas técnicas cinematográficas, ou seja, tornar invisível ao máximo que aquela cena específica só foi possível com o trabalho de dezenas de pessoas e uma infinita parafernalha por trás das câmeras. Não há câmeras nesse cinema, somente os nossos olhos, observando um mundo que não nos pertence, mas que nos envolve, como um voyer ao espiar pelo buraco da fechadura. Ainda assim, em raras ocasiões, felizmente, consigo me sentir leiga. E isso acontece quando o estigma de quase-graduada dá espaço a uma personalidade mais avassaladora: a de fã incondicional. Foi assim que me senti hoje quando, sozinha, no meio da tarde, me acomodei em uma poltrona para assistir ao meu quarteto preferido de amigas, que eu não via há quatro anos, e que fiquei tão feliz ao descobrir que elas continuam, apesar das mudanças do tempo, essencialmente as mesmas. Porque é assim desde que eu assisti ao primeiro episódio de Sex and the City, ainda na televisão, e eu jamais poderia deixar de dedicar uma crônica à elas. Para mim, era muito mais do que uma série, um simples entretenimento. Durante anos, assistir os questionamentos, conversas, sexos, casos, dilemas de Carrie, Miranda, Charlotte e Samantha era quase como uma terapia, e elas eram as analistas profissionais que eu não precisei pagar. Por meio delas eu aprendi não a entender os homens e os sentimentos, mas a aceitar que é impossível entender algo que escapa da lógica convencional e obedece às loucuras que somos capazes de sentir. Quando a série acabou, sem exagero, foi como se algo faltasse para mim. Aquele encontro semanal que não mais existia doía no meu cotidiano. Mas o filme compensou o tempo de espera, e a saudade que eu senti. E aqui digo com nenhum olhar crítico. Me rendi, hoje, aos encantos da ignorância. Fui como devota de Bradshaw, e assim permaneci durante quase duas horas e meia. Quatro anos depois, Miranda ainda mora no Brooklyn e é a mãe de um menino ruivinho, aquele que eu vi na barriga dela, aquele que eu vi estragar o Christian Louboutin da Carrie quando a bolsa estourou. Charlotte, ainda casada com Harry, também é mãe, mas de uma menina chinezinha linda que aprendeu a falar “sex” com a tia Samantha. Esta, sempre fabulosa, está morando em Hollywood com o Smith, e vive no avião para Nova York, visitar as amigas. Aliás, uma breve interrupção para mencionar Nova York: linda com o passar das estações, glamurosa e cheia de vida. E Carrie, três livros depois, está com ele .... ele que fez milhares de mulheres suspirarem por 6 anos, ele que, chorando, foi até Paris dizer “you’re the one” para ela, ele que só viemos a descobrir no final que se chama John, mas que para nós será sempre o Mr. Big. E um fabuloso desfile de marcas, roupas, bolsas, acessórios, muitos e muitos sapatos. Tudo infinitamente mais fabuloso, do jeito delas. Só no primeiro final de semana, Sex and the City, the movie, arrecadou 55 milhões de dólares só nos EUA. Méritos para o incrível merchandising, que não poupou um meio de divulgação. Porém, mais do que isso, encontra-se no segredo do sucesso da série o sucesso de bilheteria. Talvez o motivo maior, ou pelo menos o mais evidente, para mim, do fenômeno que Sex and the City foi, e continua sendo, se encontra no fato de que cada uma das personagens se enquadra perfeitamente na “girl next door”. Não são super modelos, super heroínas, estereótipos ilusórios com os quais a mulher comum jamais conseguiria se identificar. Sarah Jéssica está longe de ser um modelo de beleza. É miúda, magrela e nariguda. Ainda assim, conquistou nossos corações, pois vimos nela a sinceridade que faltava nas personagens femininas da TV, já que ela passava por tudo aquilo que nós passávamos, e ainda falava, pela primeira vez, abertamente sobre sexo e outros assuntos tabus. E tudo isso ainda está lá, com um toque a mais que a maturidade e o dinheiro trazem. Por essas e outras que foi tão bom revê-las, como se fossem velhas amigas, e saber que estão bem, estão lindas, e estão tocando suas vidas. Elas existem, eu sei, no mundo infindo da imaginação e do glamour. Sei também que não posso mais encontra-las semanalmente com casos novos a serem contados e revelados, mas para sempre elas terão, cada uma a seu jeito, marcado a juventude de uma garota que pode até estar longe de NY, dos Manolos e dos Cosmopolitans, mas que, como sua musa, sente a mesma emoção sem culpa com um novo par de sapatos, o mesmo deleite de ter amigas divertidas e ouvintes, e principalmente, a mesma infinidade de interrogações na cabeça ao se deparar com uma tela branca de notebook, a espera de ser preenchida com palavras e mais palavras que nada mais são do que questionamentos verdadeiros, e que, provavelmente, nunca serão respondidos.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

"Por ela esse amor infinito, o amor mais bonito..."

No fim de semana que passou foi o tal do Dia das Mães. Segundo o Jornal da Globo, o segundo feriado mais rentável para o comércio do país, só perdendo para o Natal. Particularmente, acho uma besteira todos os feriados desse tipo. Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia das Crianças...todos eles. Em primeiro lugar, por motivos óbvios: todos eles caem no segundo domingo de um determinado mês, o que amplia sua inutilidade, pois nem mesmo para matar aula eles servem (grande pensamento de uma universitária, hein?). E em segundo lugar, também óbvio, pelo clichê: não é justo existir somente um Dia das Mães. Para mim, todos os dias são dias Dela. Não sei quanto aos leitores, mas a minha mãe mereceria os 365 do ano só para ela. Dona Suzana é tão especial, mas tão especial, que até dois aniversários ela tem. Mais do que isso, ela é um exemplo vivo para mim de carinho e comprometimento incondicionais. É com uma dedicação tamanha que ela cuida de mim, do meu pai, da casa, da família, sem nunca cobrar nada. Me culpo por as vezes não entender suas reclamações, afinal, é tudo ela. Mas no fundo é ela quem quer que seja tudo ela, porque a verdade é que ninguém resolveria os pepinos tão bem quanto ela. É para ela que eu corro quando estou feliz com algum acontecimento, é no colo dela que eu choro quando estou triste, é nela que eu desconto minha raiva com coisas aleatórias no mundo, e vice versa, porque sabemos que, no fim, a gente sempre se perdoa. É para ela que eu conto meus medos, meus desejos, minhas aflições que revelam tanto de mim que eu não tenho coragem de revelar a mais ninguém, pois sei que só ela me ama o suficiente para entender. É para ela que eu dedico minhas vitórias e conquistas, porque se não fosse a força e o encorajamento que partem dela, nenhuma das belas coisas que consegui e consigo em minha vida teriam sido ou seriam possíveis. Estava eu assistindo televisão um dia desses quando passou um comercial com o Wagner Moura, de alguma loja que eu não me lembro agora, para a campanha do tal feriado. Nele, Moura dizia palavras muito certas em relação a mães: elas carregam um peso absurdo na barriga durante nove meses, sentem enjôo e cólicas ... e estão felicíssimas por isso. Sentem chutes na barriga durante a gestação e dores horrendas na hora do parto, mas mal podem esperar para nos ver. Depois disso, quando nós, filhos, crescemos, roubamos o tempo delas, a atenção da família, o tempo do marido delas, damos dores de cabeça, preocupações, angústias ... e o amor que elas sentem por nós só faz crescer. Acho que só quando for mãe conseguirei entender essa plenitude que todos falam. E a verdade é que, quando eu mesma tiver meus rebentos, vou errar e acertar como ela e como todas as outras, mas vou almejar ser, pelo menos, metade da mãe que ela é para mim, sabendo que, assim, já estarei fazendo um excelente trabalho. Por isso, MÃE, já que resolveram te dar um único dia, aproveito o mesmo para dizer que sei bem não sou uma pessoa perfeita, nem uma filha perfeita. Mas saiba que eu tento ser o melhor que eu posso, e dessa maneira, tentar te dar o máximo de orgulho possível. Porque você merece demais. Você, que sempre deu tanto e pediu tão pouco em troca.
Por mim eu te daria todos os dias do ano em sua homenagem. Como não é possível, te dou, humildemente, um texto neste meu inóspito blog. Não é muito, mas é de coração.

terça-feira, 29 de abril de 2008

(mais uma) Sobre o tempo (que foi.)

Me peguei hoje em um momento de saudosismo em relação à minha adolescência. Nostalgia braba. Talvez por ter passado ontem na frente do meu antigo colégio, no qual tive deliciosas e perturbadoras experiências no ensino médio, que me valeram um tanto. Fiquei pensando como era boa essa época de colégio. Como eu aprendi infinitamente mais do que o que os professores, em sua maioria queridos de verdade, escreviam no quadro negro e eu tinha que aprender, me interessando ou não. Como foi uma época importante para a formação concreta das bases do meu caráter e da minha personalidade de hoje, seja lá o que isso signifique. E, principalmente, como era bom ter como maior preocupação a prova bimestral ou a aprovação no fim do ano. Hoje me pego uma faculdade inteira depois dessa que parecia outra vida. Aquela menina de uniforme azul e cabelos ainda não loiros não é nem de longe quem eu sou hoje, mas era certamente o cerne disso. A origem de tudo. Não sei se isso é necessariamente melhor ou pior, porque não sei até que ponto a perda da inocência é, de fato, enriquecedora. É tão bom, de vez em quando, ser inocente e achar que o mundo é feito de pessoas boas, que o amor só rima com dor por acaso e que as nuvens são feitas de algodão doce. Não o são, mas a gente aprende a lidar. Naquela época eu achava que tinha que ter todas as respostas do mundo. Que tudo estava ao meu alcance, poderia e deveria ser respondido. Hoje, eu até gosto do fato de não ter praticamente resposta alguma, somente cada vez mais perguntas. Mais do que isso, já me conformei com o fato de que, infelizmente, nem tudo está ao meu alcance. Eu não posso tudo, eu não sei tudo. E, certamente, isso não vale só para mim. Por mais intensa que seja a nossa vontade, é simplesmente impossível que a vida seja exatamente da maneira que nós planejamos. Nem sempre conseguimos fazer quem amamos retribuir o nosso amor, salvar a vida de alguém querido, consertar o que fizemos de errado, por mais que isso nos doa. E aceitando isso, procuramos, tão somente, fazer o nosso melhor, e dormir um sono tranquilo à noite. Em minhas incansáveis andanças por esse mundinho, conhecendo e desconhecendo pessoas, aprendi algumas coisas; é bom saber e querer estar sempre aprendendo, acho que é esse um dos grandes baratos da vida. No fim, o que você leva de herança nada mais é do que bagagem pessoal, aquilo que você viveu, e o quanto você viveu daquilo. Assim, ouvi dizer que é possível, sim, crescer. Só ainda não conheci ninguém que tenha alcançado isso em sua forma mais plena. Crescer é amadurecer? Amadurecer é perder a inocência? Perder a inocência é deixar de acreditar na beleza daquilo que nos cerca? Como dito, não sei as respostas para estas, e para mais tantas outras perguntas. No fundo, considero, sim, que eu cresci e tenho crescido, mas a tal menina do uniforme azul nunca saiu totalmente de dentro de mim. E, sinceramente, espero nunca perde-la de vez, em algum espaço ou tempo. Nesta época, nesses remotos tempos que parecem tão longe e inalcançáveis quanto uma eternidade, mas que ao mesmo tempo nunca estiveram tão próximos, essa menina leu um dos livros da sua vida: A Insustentável Leveza do Ser. Com ele, ela aprendeu a transformar o peso do fardo que cada um carregamos nas costas na leveza de uma pena. Há quem diga que ela se enganou, e vive se enganando. Mas, para quem trabalha com a fantasia, talvez isso não seja um problema tão grande. A única resposta que consegui obter por meio de mil e uma teorias concebidas no interior da minha mente irritantemente fértil é que o ato de crescer começa quando se aceita que não há ensaios na vida. Para a perfeição de acontecimentos temos a arte, que pode ser ensaiada e refeita até atingir o grau de excelêcia. Na vida real, no hoje, é matar ou morrer. É arriscar ou abdicar da experiência. É aceitar que não se é feliz o tempo todo, mas que se tem momentos de felicidade, enfim. E, então, é saber fazer desses breves, fugazes e desconcertantes momentos de felicidade, a plenitude da própria vida.

domingo, 13 de abril de 2008

Pensamentos breves sobre viagens, também breves.

Certa vez, o poeta disse “Navegar é preciso; viver não é preciso.”. Talvez nessa época navegar fosse o único meio de viajar, e o propósito de tal ato não fosse o mero lazer. Se algum poeta contemporâneo, tentando retomar Pessoa, escrevesse tais versos hoje em dia, é provável que algumas modificações fossem necessárias, afinal, ninguem mais navega hoje em dia, a não ser em esporádicas situações de cruzeiros ultra chiques. Eu, por exemplo, começaria com “Viajar é preciso.”. E é. Há pouco tempo estive em Porto Alegre, pela primeira vez em muitos anos. Não lembrava de absolutamente nada da cidade, onde estive algumas vezes a trabalho quando criança, então era como um lugar totalmente novo pra mim. E o novo, de fato, assusta. Pega de surpresa as vezes, de supetão. E tudo era novo em Porto Alegre. Os lugares, as comidas, os cheiros, até mesmo as pessoas que, aqui, não eram tão novas. E é por isso que eu sempre digo: viajem muito, sempre que puderem. Pro interior do seu estado ou pra Coréia do Norte, de carro, de trem, de avião ou, como os tais antigos, de navio. Mas fuja da rotina, respire novos ares, prove novos sabores e temperos, conheça novos lugares, novas noites, novos espaços. Tenha uma paixão repentina e enlouqueça com ela, porque você sabe que, como as outras, ela também vai passar. É claro que, no meio do caminho, você vai encontrar percalços, vai tropeçar, vai se machucar e vai machucar os outros. Nem todos pensam igual, e isso é, então, inevitável. Se machucar alguém, peça desculpas e se redima, mesmo se achar que está certo, pois poderia ser você com o coração partido. Se de fato o é, extravase e diga o que pensa, na raiva ou na tristeza, para poder depois seguir em frente com a vida, porque o tempo não perdoa ninguém. Faça amigos nas viagens para que sempre sinta vontade de voltar, e tenha sempre uma casa pra te acolher em todo e qualquer rincão desse mundo, vasto mundo. Troque experiências e culturas. Converse muito, vire noites trocando idéia, essa é a maior bagagem que você pode ter. Fotografe, filme...grave seus momentos especiais. Eles jamais voltarão, mas é possível revive-los um pouco por meio das memórias registradas. Nunca deixe para dizer amanhã o que se passa pela sua cabeça hoje, para alguém específico ou para o mundo, pois talvez amanhã essa pessoa não esteja mais aqui, e o mundo não queira te ouvir. Se tiver tido paciência para ler essa baboseira impensada até o fim, aqui vai um ultimo conselho: não planeje demais as suas viagens, apenas o suficiente para não passar perrengues e dificuldades. Vez ou outra, pegue o carro e saia dirigindo, ou compre uma passagem de avião por impulso, e deixe que a vida se encarregará de te apresentar as surpresas. Nem sempre você vai gostar delas, mas esteja certo de que, no final, era o melhor pra você. Não costumo repetir o que digo, e só o faço quando acho deveras importante. Por isso, digo novamente, desta vez: Viaje sempre, sempre que puder. E não se esqueça, principalmente, que a vida é esse emaranhado confuso de coisas que acontecem enquanto você acha que está muito ocupado planejando ela. No fim você descobrirá, ainda, que não há nada como voltar pra casa. Acredito que vivi POA o máximo que me foi possível, e foi boa a descoberta desse "novo novo", mas nada se compara a ver da pequena janelinha do avião a minha cidade toda iluminada à noite, tão linda. Nesse momento eu só pensava que ali estavam os lugares, as pessoas, os sabores, os cheiros, tudo que me era mais familiar, e é importante voltar pra casa, também. Não sei de muito, mas disso eu sei. Viajar é preciso sim, poeta. Mas viver...Viver também é preciso.

terça-feira, 18 de março de 2008

The show's over, folks .... (or not.)

“Somos a nação mais hipócrita do mundo quando o assunto é sexo. Em matéria de sexo, nos comportamos como brasileiros e falamos como vaticanos. Não estou ofendendo, estou?”. O comentário anterior saiu da boca de Alan Dershowitz, professor de Direito de Harvard, diante do Escândalo Spitzer. Dois comentários. O primeiro: relaxa, Alan ... é claro que você não está ofendendo. Mais hipócrita do que você diz que os americanos são, seríamos nós, brasileiros, que achamos super normais aquelas bundas de fora cheias de purpurina rebolando em frente às câmeras no carnaval, se ficássemos ofendidos com o seu comentário. O segundo: qual é o escândalo do Escândalo Spitzer? Alguém ainda se assusta com escândalos sexuais, na política ou em qualquer outra esfera? Ou essa indignação toda é, sozinha, a maior hipocrisia sexual?
Talvez meus olhos de brasileira, e ainda mais, de carioca, estejam (mal) acostumados a ver tanta nudez despropositada o tempo todo. Acho já tudo muito normal. E não me tomem como falsa moralista, tenho nojo eterno de falsos moralistas, por isso que estou me deleitando com esse bafafá do governador de Nova York e, ao mesmo tempo, não consigo compreender o cerne da estória. Cada vez que um político é flagrado em uma situação, digamos, pouco aceita e/ou aceitável no que diz respeito a conduta moral, principalmente sexual, as pessoas arregalam os olhos e, surpresas e chocadas (?), esbravejam que não conseguem acreditar. Não conseguem acreditar em que? Desde quando a política é um santuário de homens e mulheres bentos, perfeitos, sem falhas, sem perversões, sem taras? A política ainda é feita de seres humanos, ou eu estou totalmente por fora? E não me entendam mal, não estou defendendo o Spitzer, nem Renan Calheiros, nem o Clinton, nem nenhum dos outros milhares de senhores respeitáveis, representantes do povo (tal designação nunca foi tão coerente) nos Governos. Estou simplesmente me questionando qual é a grande surpresa. Podem me dizer que tal reação ocorreu dado o passado político do Spitzer, como um dos maiores defensores da ética americana, procurador-geral do estado durante anos, que, inclusive, ajudou a estourar uma rede de prostituição e a endurecer a lei que punia cidadãos que procurassem prostitutas. Pelo que fiquei sabendo, Spitzer construiu durante anos uma imagem de puritano, bem casado, que zelava pela ética e pela lei acima de qualquer coisa. Sério, é por isso que as pessoas se assustaram? Porque essas causas de assombro para a maioria são, pra mim, os motivos primeiros para eu desconfiar. Das duas uma: ou é ingenuidade ou hipocrisia. Não creio na primeira, porque já estamos calejados o suficiente, e ninguém pode ser tão ingênuo a ponto de acreditar que existam seres humanos perfeita e moralmente intocáveis assim. Todo mundo, e enfatizo, todo mundo mesmo, tem poeira embaixo do próprio tapete. Simplesmente porque somos todos seres humanos constituídos de, como já diria o título desse blog, neuroses e desejos. E por mais que se defenda a ética e os bons costumes, todos são passíveis de erro. Ouso dizer, ainda, que aqueles que defendem, principalmente publicamente, a moral e a lei são ainda mais passíveis do tal erro, porque reprimem demais aquilo que sentem. Bato o pé no chão e insisto que é tudo um bando de hipócrita. Particularmente, sigo no meu credo de que não ponho minha mão no fogo por absolutamente ninguém. Quando se espera demais de algo ou alguém, frequentemente o fim é a decepção. Já foi dito que “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”, e eu digo mais: sem hipocrisias, sem falsos-moralismos, sem querer vender imagens de puritanos porque isso não cola...cada um sabe a dor e a delícia, os riscos e os prazeres, de querer o que se quer, ainda que, e talvez especialmente, diante de olhos públicos atentos e ansiosos por mais julgamentos superficiais...e cheios de segundas intenções.

Obs: Spitzer renunciou ao cargo, e o novo governador de Nova York, David Peterson, é praticamente cego. Ele não enxerga absolutamente nada com o olho esquerdo e tem apenas 5% da visão no olho direito. Até aí tudo bem, se não fosse o fato de que ele não lê em braile e nem usa bengala para se guiar. É sério, só rindo. Os vizinhos lá de cima se superam a cada dia que passa.

domingo, 16 de março de 2008

Promessa de vida no meu coração.

As águas de março chegaram para fechar mais um verão da Cidade Maravilhosa. Neste fim de semana, uma chuvinha ininterrupta caiu sobre a cidade, fazendo os cariocas guardarem as roupas de praia na gaveta e, pela primeira vez em um bom tempo, tirarem os casacos do armário. Mais um verão se foi, como outros 21 verões em minha vida, e eu me questiono o que mais essa estação levou de mim além de mais um pedaço dessa juventude que cisma em persistir. Não consigo pensar em nada de significativo o suficiente que tenha ficado no passado junto ao sol e ao sal, apenas o novo que a nova estação tem me trazido. Entra ano e sai ano e a rotina nunca é a mesma, e nem poderia ser. Por mais que freqüentemos os mesmos lugares, façamos as mesmas atividades todos os dias, tudo muda...tudo mesmo. As pessoas que passam por nós nas ruas não são as mesmas, as cenas que vemos pelas janelas dos ônibus e carros são novas a cada dia, e há sempre personagens entrando e saindo de nossas vidas. Uma estação nova chegou trazendo a velha-nova rotina não só para mim, mas para todos que me cercam. Pelo menos é o que tenho observado nessa minha incontrolável mania de achar que consigo estudar pessoas por meio de suas atitudes, gestos, atos, olhares. O emprego e o chefe chato estão sempre lá, mas a cada dia há uma situação nova com as quais temos que lidar, o que nem sempre é fácil, mas a gente vai levando. A busca pelo amor de nossas vidas, se é que há mesmo um só (ou, mais ainda, pelo menos um) amor em nossas vidas se repete e não pára, sempre com um novo personagem, uma nova dramatização e, é claro, um novo drama. Os dias, as noites, os momentos, todos eles vão passando e são sempre novidade no nosso bom e velho dia-a-dia. Se aceitamos que as estações passam, se aceitamos guardar as lembranças do verão no conforto das fotos de nossas máquinas digitais, se aceitamos trocar as roupas leves pelas pesadas que o frio pede, por que muitas vezes relutamos em aceitar o que mais passa em nossas vidas? Talvez porque não percebamos que, como as estações, é preciso que tudo passe para que haja renovação, mas ao mesmo tempo, que nada passa em definitivo. Ficam mais do que os sorrisos e bronzeados das fotos. Ficam mais do que as lembranças das boas farras de verão. Ficam mais do que o emprego, o chefe chato, mais um amor que nos deixou. Ficam as lembranças eternas, e o impacto que as causas delas tiveram sobre nós. Porque a verdade é que somos, sim, um somatório de tudo aquilo que vivemos, conhecemos, vemos, experimentamos, amamos, deixamos para trás. E em uma cidade como o Rio de Janeiro, o verão é muito mais do que um pedaço do ano. Daqui a pouco a chuva e o frio percebem que aqui não é o lugar que mais combina com eles, e o sol reaparece em pleno outono carioca, voltando a conferir cor e energia à cidade. E assim vamos levando, porque o que nos conforta é saber que o clichê não só existe como é real: não importa o que passe e o que fique, aquilo e aqueles que amamos jamais passarão por completo. Eles ficarão, eternos, nas lembranças, nas marcas na pele, nas conversas, nas fotos e, se tivermos um pouquinho de sorte, dentro dos nossos corações.

terça-feira, 11 de março de 2008

BASTA. ( texto publicado no livro da UNESCO, "Como Vencer a Pobreza e a Desigualdade")

Basta andar pelo centro de alguma grande cidade brasileira. Basta ter olhos para ver. A desigualdade e a pobreza estão por todos os lados, estampadas em cada esquina, em cada favela, em cada mansão. Essas chagas que corroem cada vez mais intensamente a integridade do Brasil já viraram até rotina. São evidenciadas nas páginas de jornais quase que diariamente e fazem parte do cenário das ruas país afora. Por terem se tornado rotina, as propostas para acabar com elas já viraram clichê, já são lugar comum. Por isso, fugir do óbvio é difícil. Cair na repetição e vender a idéia de que a educação é a solução pra tudo se torna extremamente atrativo, uma vez que, ao analisarmos mais profundamente o problema, vemos que as vertentes e causas desses males são inúmeras e complexas. Ainda assim, é necessário faze-lo, pois são nelas que pode residir a real solução.
Tão grave quanto a existência dos problemas é ignora-los. A resolução destes está nas mãos daqueles que teimam em fingir que, ao cercar-se de grades em seus condomínios e artefatos de segurança, eles deixam de existir. Se não vemos o menino de rua, ele deixa de estar no sinal vendendo bala. Isso porque são as classes mais altas que possuem a educação e formação necessárias para tomar decisões, decidir o rumo do país. Porém, talvez por comodismo, não o fazem. A pobreza de bens materiais, de comida, existe em muito por causa da pobreza de altruísmo e solidariedade existente no Brasil. Somente em raras ocasiões, como no natal,o espírito de caridade floresce e os olhos se abrem para enxergar aquele que não tem nada, e é confortável enganar-se, achando que dar um prato de comida e um agasalho resolvem a situação.
Ao mesmo tempo, é comum a restrição do assunto desigualdade como se somente a sócio-economica existisse. Esta é, sim, mais evidente, já que temos constantemente contato com os índices discrepantes de distribuição de renda no Brasil, e com ela já fazendo parte do nosso cenário. O que não se percebe, porém, é que esta se dá, em muito, pela desigualdade de oportunidades. Se houvesse uma melhoria na educação pública de base, haveria uma igualdade maior na entrada para o ensino superior e conseqüente obtenção do diploma, requisito quase que fundamental hoje para a entrada no mercado de trabalho. Dessa forma, a disputa seria mais justa, com igualdade de oportunidades, e a desigualdade social deixaria de ser quase que uma marca de nascença para tantos.
Dessa forma, fica claro perceber que o vértice que estamos acostumados a lidar sobre os problemas abordados é somente a ponta do iceberg. É certo que a pobreza faz o estômago e o coração doerem, mas é o olhar pobre para com o próximo que piora a situação. Ao mesmo tempo, a desigualdade social é injusta mas não existe nem mesmo uma igualdade de oportunidades para haver justiça. Exterminar de vez tais doenças é utópico, uma vez que vivemos em um sistema que exige a existência da desigualdade para sobreviver. Podemos, sim, ameniza-las. Precisamos parar de insistir do clichê de que “o que os olhos não vêem o coração não sente.” Não só sente, como grita. Basta da solidariedade temporal. Basta da educação de base precária que limita a igualdade de oportunidades. Basta de venda nos olhos e elitismo. Basta, somente. E definitivamente.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

País das Maravilhas logo ali, virando a esquina.

Dizem que a felicidade é como uma borboleta. Quanto mais você tenta persegui-la, mais ela foge de você. Até que um dia, sem que você espere ou perceba, ela pousa no seu ombro. Idéia perigosa essa, uma vez que o comodismo é muito mais atrativo do que a dolorosa e persistente luta para se conseguir o que quer que seja. Gostaria demais de repousar no pensamento de que eu posso, sim, ficar simplesmente deitada na minha caminha que, quando eu menos esperar, aquilo tudo que eu almejo virá ao meu encontro. Vou mais além: em tempos nos quais "O Segredo" é best seller e a lei da atração virou hit, tudo isso me ensina que basta eu mandar pensamentos positivos que logo logo as coisas melhoram, certo? Em matéria de lutar para o que se quer na vida, basta mesmo só querer? O bom senso dirá que não, que você precisa lutar para o que você deseja, sendo que ninguém diz que diabos de luta é essa e que armas você precisa para poder ter ao menos a mais remota chance de vencê-la. Em quem eu acredito, na Lei da Atração ou no bom senso? Talvez o melhor caminho seja não se agarrar a nenhuma dessas crenças ou idéias pré-concebidas. Entendo que a Lei da Atração seja provada fisicamente, e não vou discutir com isso, mas tirando ela, todo o resto, para mim, não passa de um bando de filosofias baratas e superficiais. Particularmente, vou levando. Vou tentando viver a minha vida, alcançar os meus objetivos, sem me esquecer jamais do fato que a vida é, no final das contas, aquilo que está acontecendo enquanto tentamos montar o nosso futuro. Já foi dito que "é melhor ser alegre que ser triste", e nessa corrente, é melhor ser otimista e mandar pensamentos positivos pro Universo do que ser uma pessoa pessimista, rancorosa e chata. E ainda que a felicidade, a liberdade, os objetivos, o emprego dos sonhos, o amor da sua vida, os dias melhores sejam as vezes tão fugazes quanto o coelho branco, ainda que para tê-los tenhamos que passar por lugares e pessoas inexplicáveis, continuamos caminhando à procura do nosso próprio País das Maravilhas. Feito por nós. Sem coelhos brancos, gatos roxos ou Rainhas de Copas. No fim, pode ser tudo um sonho....Por hora, tento somente afastar a velha e cada vez mais conhecida voz do coelho, que insiste em repetir: "- É tarde, é tarde, é tarde ...".

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Tem vela demais nesse bolo.

Ontem eu me peguei pensando que eu já gostei mais de fazer aniversários. Houve um tempo em que eu até mesmo esperava, ansiosamente, esse dia chegar, como quando eu tinha 17 anos e ansiava pelo dia em que me tornaria maior de idade, só pra descobrir, no dia seguinte, que nada mudava tão efetivamente assim. Com a maturidade (?) as ilusões vão gradativamente escorregando ladeira abaixo, e em um mundo de conceitos e valores tão deturpados, no qual se tornar mais velho virou sinônimo de decadência, e não de sabedoria, eu parei pra me perguntar qual era a graça, nos tempos modernos, de se celebrar o fato de não ser mais tão moderno assim.
Levanto as mãos para os Céus sempre que acontecimentos surgem pra virar de cabeça pra baixo meus pré-conceitos, me mostrar como eu estava prematuramente equivocada. Hoje, meu tão grande dia, foi um deles. E não foram necessários um acerto na loteria, uma paixão fulminante ou um Prêmio Nobel pra que ele fosse especial – e renovador. Bastaram um mergulho no mar pra inicia-lo, família pra preenchê-lo e uma bela lua pra finaliza-lo.
Dizem que para quem acorda cedo o dia rende mais, mas acordar cedo hoje me rendeu mais do que uma prova de eu consigo fazê-lo apesar de todas as evidências, mas também um mar que parecia ter sido feito de presente pra mim. Lindo de ver e de sentir. Assim como a lua, cheia e imensa, que coroou o céu e a noite, fechando o b-day com a luz e o brilho que eu sempre procuro, todos os dias do ano. E no meio disso tudo, dos presentes que estão acima dos prazeres mercadológicos e comerciáveis, tão naturais e inocentes quanto o sorriso da minha afilhadinha de nem dois anos de idade ... no meio disso tudo veio a família. Primeiro a de sangue, pela qual eu sou tão grata de ter caído de cabeça no meio dela. Se eu pudesse escolher, ainda escolheria eles. Família que é família tem todos os problemas do mundo, mas me basta olhar para Guilherme e Giovanna, meus sobrinhos de 3 e 1 ano, respectivamente, que eu entendo tudo. Tudo mesmo. Depois dessa, a família que eu escolhi. Porque já é clichê dizer que os amigos são a família que você pode escolher, mas se o conceito de família é amar algumas pessoas incondicionalmente, apesar de todos os seus defeitos, o clichê é, mais uma vez, eficaz. Porque os meus amigos são tão lindos que só de ficar olhando eles conversarem me dá vontade de chorar. Me aperta o coração o medo de perdê-los ao mesmo tempo que me conforta saber que, mesmo que eu os perca, os momentos que eu vivo e vivi com eles jamais se perderão. Na minha memória de espaço infinito eles estarão sempre lá. E eles também não precisam fazer muita coisa. A simples existência deles me basta.
Discursos apaixonados à parte, eu só tenho a agradecer por cada momento do meu dia. No fim dele, me peguei olhando os últimos segundos passarem no relógio até virar para o dia seguinte. E, ainda assim, não conseguia tirar os olhos da(quela) lua. Tão cheia quanto meu dia, tão brilhante quanto as minhas famílias, tão distante quanto os sonhos dessa velha de 21 anos.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Sobre o mar e o orgulho.

Quem me conhece sabe que morrer de amores não é exatamente o sentimento que eu tenho pelo Rio. Mas se há algo que eu realmente admiro nesta cidade é a capacidade que ela tem de abrigar, pra todos os gostos, a possibilidade de se abstrair dos problemas diários. Dar um mergulho no mar no meio do dia, tomar um chopp com os amigos no fim dele, pegar um cinema no meio da semana. Okay, talvez essa seja uma característica de qualquer cidade grande e cheia, mas fato é que, no Rio, um lugar que, para onde quer que você olhe é um cartão postal, essas escapadas se tornam mais (sensorialmente) agradáveis. O problema é quando se chega em casa e o que está te aguardando é a tal da realidade que insiste em jogar na sua cara que a sua vida não é feita de água de côco e Pão de Açúcar. Há certas coisas que nem o pôr do sol no Arpoador consegue esconder ou curar (e acreditem em mim, quem já viu sabe do que eu estou falando.).
O verão desse ano no Rio não tem sido particular somente pela aparição esporádica e festejada do sol no céu, como se ele tivesse cansado do clichê de proporcionar sempre dias lindos e resolveu dar uma descansada nessa estação. Ele tem sido ímpar também, pelo menos na minha vida, pela quantidade de rompimentos em relacionamentos que eu tenho presenciado. Ultimamente, uma das coisas que eu mais tenho feito tem sido brincar de psicóloga com os meus amigos recém praticantes da dor de cotovelo, cuspindo regras e conceitos como se eu tivesse alguma noção do assunto. Acima de tudo, tenho tentado entender como acontecem as mudanças radicais na personalidade de uma pessoa marcadas pelo momento do “não está dando mais.”. O que antes era eterno, virou passado enterrado. E é nesse momento que surge, ou ressurge, nunca se sabe, aquela característica que provavelmente está intrínseca em todo ser humano, mas que vem à tona principalmente em momentos como esse: o tal o orgulho.
Nessa noite, eu me peguei pensando sobre o orgulho. Todas as pessoas são, em diferentes níveis, orgulhosas? O nível do orgulho é diretamente proporcional à quantidade de feridas que uma pessoa acumulou durante a vida? Ser minimamente orgulhoso é necessário? Em matéria de relacionamentos, em que momento o excesso de orgulho se confunde com a arrogância, e a escassez dele, com a humilhação?
Um amigo meu certa vez me disse que, se um dia ele passasse por cima do seu orgulho por uma mulher seria uma tremenda declaração de amor, como se esse ato fosse quase um crime e o orgulho fosse uma característica positiva que ele não ousaria largar de mão, como ser bom caráter, por exemplo. Para ele, como para muitos outros homens, o orgulho é ao mesmo tempo um refúgio dentro deles e uma capa que eles usam para evitar que algo, ou alguém, ensaie revelar para o mundo inteiro essa "fraqueza" deles. Me pergunto o quanto uma pessoa perde ao ser orgulhosa em excesso. O tanto de coisas que ela poderia fazer ou dizer a alguém se não fosse o medo de se revelar. Eu sei que, em muitos momentos, uma pitada de orgulho é sinônimo de amor próprio, e demonstrar o que se sente não quer dizer se humilhar para quem não merece. O grande desafio, talvez, seja encarar o orgulho como se fosse uma alavanca vermelha, e se soubesse exatamente a hora de aciona-la, ou não. Afinal, a certeza que se tem ao jogar os dados pra saber no que vai dar é que, inevitavelmente, vai dar alguma coisa. Se nos fecharmos sempre dentro de nós mesmos, se deixarmos o orgulho exacerbado criar raízes e tomar força em nós, talvez nunca iremos experimentar emoções diferentes, nunca teremos desilusões para com as quais aprender a viver e, acima de tudo, estaremos nos privando da possibilidade de surpresas muito boas, reviravoltas prazerosas acontecerem. Seria mais fácil se essa tal dessa alavanca vermelha estivesse a venda em lojas, do lado dos livros de auto-ajuda. Eu certamente compraria umas quinze delas, só pra ter em estoque. Mas convenhamos, eu já vivo em um lugar no qual eu posso, a qualquer momento, correr pra orla, sentar em um banquinho de praia e não pagar para ficar quantos momentos eu quiser olhando um infinito de beleza que é esse mar-azul-perolado da minha cidade, até me perder – e perder – os pensamentos. Facilidade demais enjoa. Sinceramente.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Pêra, uva, maçã ... aham, salada mista.

Horóscopo do dia para os aquarianos: “Tendência a abandonar um pouco deveres e responsabilidades, tipo deixar tudo o que for difícil para depois. Esse é o modo mais seguro para aumentar problemas no futuro. Chatice é para se despachar logo. Para que segurar um estorvo um minuto a mais do que o necessário?”
Como boa aquariana, li o horóscopo somente no fim do dia, feliz em não acreditar em nenhuma palavra sequer. Principalmente porque tenho quase certeza que li essa mesma previsão para os nativos de câncer no mês passado. São sombrios os mistérios que envolvem horóscopos de jornais...
“(...)tipo deixar tudo o que for difícil para depois”. Escrever é difícil, e eu tenho deixado para depois há tempos. Fato. É difícil demais. Ainda mais com todo o peso e responsabilidade de um primeiro post em um blog que, francamente, não se espera a presença de mais de uma dúzia de pessoas. E isso porque eu estou sendo otimista. Por que eu insisto em pensar que tenho um grande trabalho pela frente, então?
Bom, todo mundo sabe que Freud era meio tarado. Ok, que me perdoem os seus seguidores fervorosos, mas o cara era um tanto quanto transtornado. Tudo ele tinha que relacionar, de uma forma ou de outra, a sexo e desejo. Pelas pessoas, pela mãe, pelo pai, pelo cachorro do vizinho (ou pela cachorra da vizinha – em ambos os sentidos). Certa vez, em um dos seus estudos, falou que há duas forças instintivas opostas: a sexual (erótica ou fisicamente gratificante),e a agressiva ou destruidora, e que essas duas forças são as mantenedoras da vida, ou incitadoras da morte. Mais tarde, descobriu que elas atuam juntas.
Mas por que esse bla bla bla de Freud? Porque o cara podia ser um pervertido, mas tinha razão. Há tempos venho querendo buscar inspirações nos recônditos mais sugestivos e inabitáveis da minha mente perturbada pra postar algo aqui. Porque escrever ainda é a saída que eu encontro pra tantos males, tantas perturbações. Escrevo até sobre o não escrever. Sobre a falta que me faz. Sobre a inspiração, ou a nulidade dela. Escrevo tanto que me vicio. E a abstinência me faz sofrer. Sou a prova viva de que as forças instintivas de Freud atuam juntas. Escrever, pra mim, pode até não chegar ao ponto de ser uma atividade orgásmica, mas é fisicamente gratificante, pois exercito o cérebro, a mente, e o ego (por que não, fisicamente, o ego?). Acima de tudo, tento colocar pra fora, em poucas ou muitas palavras, a tradução do que eu sinto nos mesmos recônditos lá de cima, por mais brega que isso possa soar. Ao mesmo tempo é uma força destruidora na minha vida, pois me apoio no que disse Truman Capote: “Eu me divertia muito escrevendo. Parei de me divertir quando descobri a diferença entre escrever mal e escrever bem. Depois, fiz uma descoberta ainda mais importante: a diferença entre escrever bem e a verdadeira arte. Foi brutal”. Ele conseguia fazer arte, e a arte dele é atemporal. Hoje em dia, o conceito de arte é um tanto confuso, mas nem vou começar a falar sobre isso aqui, agora. Já falei sobre horóscopo, sobre Freud, sobre Capote ... e começo a ter a impressão de que não faço idéia do que eu esteja falando. Mas em matéria de qualificar ou explicar sentimentos, alguém faz idéia?