terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Tem vela demais nesse bolo.

Ontem eu me peguei pensando que eu já gostei mais de fazer aniversários. Houve um tempo em que eu até mesmo esperava, ansiosamente, esse dia chegar, como quando eu tinha 17 anos e ansiava pelo dia em que me tornaria maior de idade, só pra descobrir, no dia seguinte, que nada mudava tão efetivamente assim. Com a maturidade (?) as ilusões vão gradativamente escorregando ladeira abaixo, e em um mundo de conceitos e valores tão deturpados, no qual se tornar mais velho virou sinônimo de decadência, e não de sabedoria, eu parei pra me perguntar qual era a graça, nos tempos modernos, de se celebrar o fato de não ser mais tão moderno assim.
Levanto as mãos para os Céus sempre que acontecimentos surgem pra virar de cabeça pra baixo meus pré-conceitos, me mostrar como eu estava prematuramente equivocada. Hoje, meu tão grande dia, foi um deles. E não foram necessários um acerto na loteria, uma paixão fulminante ou um Prêmio Nobel pra que ele fosse especial – e renovador. Bastaram um mergulho no mar pra inicia-lo, família pra preenchê-lo e uma bela lua pra finaliza-lo.
Dizem que para quem acorda cedo o dia rende mais, mas acordar cedo hoje me rendeu mais do que uma prova de eu consigo fazê-lo apesar de todas as evidências, mas também um mar que parecia ter sido feito de presente pra mim. Lindo de ver e de sentir. Assim como a lua, cheia e imensa, que coroou o céu e a noite, fechando o b-day com a luz e o brilho que eu sempre procuro, todos os dias do ano. E no meio disso tudo, dos presentes que estão acima dos prazeres mercadológicos e comerciáveis, tão naturais e inocentes quanto o sorriso da minha afilhadinha de nem dois anos de idade ... no meio disso tudo veio a família. Primeiro a de sangue, pela qual eu sou tão grata de ter caído de cabeça no meio dela. Se eu pudesse escolher, ainda escolheria eles. Família que é família tem todos os problemas do mundo, mas me basta olhar para Guilherme e Giovanna, meus sobrinhos de 3 e 1 ano, respectivamente, que eu entendo tudo. Tudo mesmo. Depois dessa, a família que eu escolhi. Porque já é clichê dizer que os amigos são a família que você pode escolher, mas se o conceito de família é amar algumas pessoas incondicionalmente, apesar de todos os seus defeitos, o clichê é, mais uma vez, eficaz. Porque os meus amigos são tão lindos que só de ficar olhando eles conversarem me dá vontade de chorar. Me aperta o coração o medo de perdê-los ao mesmo tempo que me conforta saber que, mesmo que eu os perca, os momentos que eu vivo e vivi com eles jamais se perderão. Na minha memória de espaço infinito eles estarão sempre lá. E eles também não precisam fazer muita coisa. A simples existência deles me basta.
Discursos apaixonados à parte, eu só tenho a agradecer por cada momento do meu dia. No fim dele, me peguei olhando os últimos segundos passarem no relógio até virar para o dia seguinte. E, ainda assim, não conseguia tirar os olhos da(quela) lua. Tão cheia quanto meu dia, tão brilhante quanto as minhas famílias, tão distante quanto os sonhos dessa velha de 21 anos.