quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Pêra, uva, maçã ... aham, salada mista.

Horóscopo do dia para os aquarianos: “Tendência a abandonar um pouco deveres e responsabilidades, tipo deixar tudo o que for difícil para depois. Esse é o modo mais seguro para aumentar problemas no futuro. Chatice é para se despachar logo. Para que segurar um estorvo um minuto a mais do que o necessário?”
Como boa aquariana, li o horóscopo somente no fim do dia, feliz em não acreditar em nenhuma palavra sequer. Principalmente porque tenho quase certeza que li essa mesma previsão para os nativos de câncer no mês passado. São sombrios os mistérios que envolvem horóscopos de jornais...
“(...)tipo deixar tudo o que for difícil para depois”. Escrever é difícil, e eu tenho deixado para depois há tempos. Fato. É difícil demais. Ainda mais com todo o peso e responsabilidade de um primeiro post em um blog que, francamente, não se espera a presença de mais de uma dúzia de pessoas. E isso porque eu estou sendo otimista. Por que eu insisto em pensar que tenho um grande trabalho pela frente, então?
Bom, todo mundo sabe que Freud era meio tarado. Ok, que me perdoem os seus seguidores fervorosos, mas o cara era um tanto quanto transtornado. Tudo ele tinha que relacionar, de uma forma ou de outra, a sexo e desejo. Pelas pessoas, pela mãe, pelo pai, pelo cachorro do vizinho (ou pela cachorra da vizinha – em ambos os sentidos). Certa vez, em um dos seus estudos, falou que há duas forças instintivas opostas: a sexual (erótica ou fisicamente gratificante),e a agressiva ou destruidora, e que essas duas forças são as mantenedoras da vida, ou incitadoras da morte. Mais tarde, descobriu que elas atuam juntas.
Mas por que esse bla bla bla de Freud? Porque o cara podia ser um pervertido, mas tinha razão. Há tempos venho querendo buscar inspirações nos recônditos mais sugestivos e inabitáveis da minha mente perturbada pra postar algo aqui. Porque escrever ainda é a saída que eu encontro pra tantos males, tantas perturbações. Escrevo até sobre o não escrever. Sobre a falta que me faz. Sobre a inspiração, ou a nulidade dela. Escrevo tanto que me vicio. E a abstinência me faz sofrer. Sou a prova viva de que as forças instintivas de Freud atuam juntas. Escrever, pra mim, pode até não chegar ao ponto de ser uma atividade orgásmica, mas é fisicamente gratificante, pois exercito o cérebro, a mente, e o ego (por que não, fisicamente, o ego?). Acima de tudo, tento colocar pra fora, em poucas ou muitas palavras, a tradução do que eu sinto nos mesmos recônditos lá de cima, por mais brega que isso possa soar. Ao mesmo tempo é uma força destruidora na minha vida, pois me apoio no que disse Truman Capote: “Eu me divertia muito escrevendo. Parei de me divertir quando descobri a diferença entre escrever mal e escrever bem. Depois, fiz uma descoberta ainda mais importante: a diferença entre escrever bem e a verdadeira arte. Foi brutal”. Ele conseguia fazer arte, e a arte dele é atemporal. Hoje em dia, o conceito de arte é um tanto confuso, mas nem vou começar a falar sobre isso aqui, agora. Já falei sobre horóscopo, sobre Freud, sobre Capote ... e começo a ter a impressão de que não faço idéia do que eu esteja falando. Mas em matéria de qualificar ou explicar sentimentos, alguém faz idéia?