sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Bye bye, Joker.

Considerações breves sobre "Batman - The Dark Knight", em cartaz nos cinemas: tá bom, fãs de quadrinhos de plantão, até entendo o frenesi que vem causando. Porém, entendo no sentido de aceitar, e não de compreender. Batman é, pura e simplesmente, um filme feito para impressionar o grande público, se pautando em grandes performances e efeitos especiais ainda mais grandiosos; e, é claro, não podemos esquecer das atraentes vantagens que as salas super modernas de cinema hoje em dia oferecem. A tecnologia é tanta e tão bem feita que temos a impressão certa de que as explosões estão ocorrendo ao nosso lado e o Coringa está sussurrando nos nossos ouvidos um "why so serious?" de dar (muito) medo. Agora, experimente alugar o filme quando sair em DVD e vir na sua sala de estar um tanto mais modesta. Posso garantir que a impressão não será a mesma. Tudo bem, nada contra, mas não me diz muita coisa. É barulhento demais, longo demais, e o roteiro é, no fim das contas, superficial. Não seria capaz de segurar três horas se não fosse por presenças como Michael Cane e Heath Ledger. Mas ninguem vai assistir Batman esperando grandes lições de vida. Ou vai?
O que, de fato, merece nossa atenção é o Heath Ledger. Colocando de lado todo clichê sentimental que nos expõe ao perigo de previamente achar o cara genial só porque morreu cedo e tragicamente, assisti-lo criar uma nova faceta para o Vilão-palhaço só me fez sentir uma angústia profunda pelos muitos anos que o Cinema perdeu de Heath Ledger, e pelos muitos projetos certamente brilhantes que ele ainda realizaria. Heath era um ator profundamente talentoso, versátil e esforçado, sem dúvidas um grande ator em potencial. É uma pena ter nos deixado tão cedo, tendo provado tão pouco, ainda que intensamente, do que ele era capaz de oferecer. Esses papos de que o Coringa matou o Heath Ledger, que o Nicholson avisou, essa ladainha de Oscar póstumo ... nada disso interessa; corre o risco, inclusive, de ser forçado demais. O que interessa, e importa, é que o Joker de Heath fez com que ele fechasse as cortinas em grande estilo, marcando para sempre as nossas mentes como muito mais e muito melhor do que um James Dean moderno, mas como a prova do que é capaz de realizar um ator inspirado quando mergulha profundamente em seu personagem, e principalmente, quando tem o verdadeiro - e valiosíssimo - dom de atuar. Já deixou eternas saudades.