sexta-feira, 17 de julho de 2009

"Once again, I must ask too much of you, Harry."


Eu diria que ir a estréias de filmes do Harry Potter, um hábito que eu cultivo desde o terceiro filme da série, é uma experiência, no mínimo, antropológica e heróica, se você consegue sobreviver. E foi por ela que eu passei mais uma vez, na última quarta feira. Desbravando uma multidão de seguidores fiéis, tentando me esquivar das várias varinhas que se materializavam nas mãos de pessoas vestidas a caráter, e procurando me achar entre aquele mar de sobretudos com os símbolos da Grifinória, e até alguns da Sonserina (as casas de Hogwarts, pra quem não sabe), consegui enfim o meu tão suado ingresso. Depois foi outra luta para conseguir entrar na sala de exibição, mas como já estava escolada das outras estréias do gênero, já sabia me proteger a fim de não ser pisoteada por aqueles que literalmente correm tanto para chegar antes na sala como se suas vidas dependessem de um melhor lugar.
Humildemente conquistei o meu espaço, e fiquei até mesmo satisfeita com ele. Eu, uma fã normal, que leu todos os livros e admira tanto a genialidade da escritora, que se submete a passar por esse tipo de situação. Eu, que era uma pária naquele lugar, pois não estava vestida a caráter, não discutia efusivamente sobre os pormenores da volta de Voldemort e não posuía varinhas de brinquedo para ficar duelando feitiços imaginários com outros fãs. E não estou falando de crianças. As pessoas que demonstravam esse tipo de comportamento tinham a minha idade, alguns até mais. Porém, como é cada um no seu quadrado, cada um se veste como quiser – ainda que isso signifique caminhar pelo Barrashopping com um óculos torto sem lente e uma cicatriz em forma de raio feita a lápis de olho na testa – decidi me focar no filme. Eu tinha tudo que precisava ali. Minha pipoca, minha Coca Cola, e minha dignidade.
O espetáculo, enfim, começou. Nos primeiros segundos, quando o logo da Warner aparece entre nuvens nebulosas com a trilha sonora do filme ao fundo, eu experimentei aquela mesma sensação de todas as outras vezes: um leve arrepio na espinha e uma tremenda excitação. Viro uma criança pela primeira vez na Disney, esperando assistir ali uma história que, convenhamos, eu já sabia de cabo a rabo, uma vez que li o livro, mas que mal podia esperar por vê-la contada em imagens. E sim, gostaria de falar das imagens. David Yates arrebenta, aquele inglês. Os movimentos de câmera, constantemente “entrando” nos lugares, muitas vezes sob o ponto de vista de um dos personagens, faz o espectador também se sentir mais parte da estória. E tudo que os fãs de Harry Potter querem é participar da estória, acreditar que ela é real. Ponto para ele. A fotografia e a direção de arte também se superaram. A paleta de cores escolhida, que combinava os figurinos com as luzes e filtros utilizados, proporcionaram um ar sombrio, nem um pouco infantil, totalmente condizente com a fase da vida do protagonista, e também com o andamento da série, que desde o quarto livro deixou de ser para crianças. O predomínio era de tons pasteis e do cinza, tão usado que em alguns planos parece até mesmo um filme em p&b. Mais um ponto para as equipes de direção, que dificilmente erram quanto tentam refletir no visual do filme o estado de espírito do personagem principal. O enredo, em si, é interessante, porém não é dos mais atraentes, mas isso porque o livro não é o melhor deles. O roteiro é, em si, bem construído, mas não dá nenhum frio na barriga, nenhuma série de momentos em que você simplesmente de afasta da cadeira de tanta tensão – com exceção talvez da sequência do lago, estrelada por Harry e Dumbledore, quando eles vão procurar uma das Horcruxes de Voldemort. O trio principal, Daniel Radcliff, Emma Watson e Rupert Grint, cresceu diante dos nossos olhos, porém com exceção de Rupert, os outros dois ainda não aprenderam a interpretar, embora tenham tido alguns muitos anos de experiência com as personagens para isso. Daniel é inexpressivo, e Emma é caricata, em muitos momentos. Entendo que pode ser um pouco de influência da escola de atores ingleses, mais comedidos que os americanos, por exemplo, mas em um elenco que conta com nomes como Alan Rickman, Michael Gambon, Jim Broadbent e Maggie Smith, não é de se espantar que o próprio protagonista fique apagado. O que não chega, entretando, a comprometer o filme de um modo geral.
Por esta série de motivos, Harry Potter e o Enigma do Príncipe (Harry Potter and the Half Blood Prince, de David Yates, Inglaterra 2009), é um pouco mais do que um filme para fã. No final das contas, não é preciso ter lido o livro e conhecer os pormenores da narrativa para entendê-lo. Obviamente a experiência é muito mais interessante se você é um fã, mas os que não são podem, pelo menos, desfrutar de um belo espetáculo visual, feito por quem sabe fazer Cinema para o grande público, e tem uma considerável ajuda financeira para isso.
Por falar em experiência, por mim, esse ano, já deu. Harry Potter and the Deathly Hallows, parte I, estréia nos cinemas de todo o mundo em 2010. Ate lá, vou me preparando psicologicamente para mais um ataque dos fanáticos massivos, e contando os dias para ver meu herói bruxo preferido na grande tela, em um momento que, apesar da multidão que me cerca, continua sendo, impreterivelmente, só meu.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Minha Estrela no céu.


Com todo respeito ao Rei do Pop. Hoje o mundo inteiro – literalmente – acompanhou o funeral de Michael Jackson e chorou mais uma vez a morte do ídolo, com um espetáculo final a altura do que ele foi em vida. Mas minha dor foi muito mais individual, e talvez mais egocêntrica. Hoje, dia 7 de julho, foi a vez do meu bichinho, minha Estrela, um membro importante na minha casa e na minha vida, ir embora dela. Minha cachorrinha que cresceu comigo, que viveu quase 16 anos ao meu lado, não resistiu ao peso que a idade e o tempo traz para todos, pessoas e animais. É uma angústia inevitável. Não queremos ver nosso amigo sofrendo e sentindo dor, mas também não queremos que ele vá embora. Entretanto, temos que deixar o egoísmo de lado e apoiá-lo para que ele se vá em paz, e descanse finalmente. Posso dizer que fiquei ao lado dela até o fim, mesmo eu própria sofrendo, só para que ela sentisse nos seus últimos momentos o quanto era amada, e o quanto eu e meus pais sentiremos sua falta. Já hoje a tarde e a noite era estranho demais não vê-la caminhando pela casa, não tê-la arranhando a porta do meu quarto no fim da tarde para que a levasse para passear, como fazia todos os dias, não vê-la no seu cantinho, que era só dela, onde ficavam seus brinquedos e sua caminha. E sei que será assim por muitos dias, até eu me acostumar com a ausência dela. Mas no meu coração, Estrela vai viver eternamente, e gosto de pensar que ela estará sempre caminhando ao meu lado ou me olhando lá de cima, onde ela finalmente virou uma estrela de verdade. Ela foi mais importante e presente em minha vida do que muita gente, e ainda não sei exatamente como vai ser sem ela. Mas o que tento guardar em mim não são os últimos momentos em que segurei-a no meu colo ou fiz carinho em sua cabeça, sussurrando que aquele sofrimento ia passar logo logo. Tento mentalizar os momentos bons, as brincadeiras e a alegria que ela me proporcionou durante tanto tempo. Ela vai ser sempre a minha Estrela, e jamais, em hipótese alguma, será esquecida.

Eu já estou morrendo de saudades.