domingo, 13 de abril de 2008

Pensamentos breves sobre viagens, também breves.

Certa vez, o poeta disse “Navegar é preciso; viver não é preciso.”. Talvez nessa época navegar fosse o único meio de viajar, e o propósito de tal ato não fosse o mero lazer. Se algum poeta contemporâneo, tentando retomar Pessoa, escrevesse tais versos hoje em dia, é provável que algumas modificações fossem necessárias, afinal, ninguem mais navega hoje em dia, a não ser em esporádicas situações de cruzeiros ultra chiques. Eu, por exemplo, começaria com “Viajar é preciso.”. E é. Há pouco tempo estive em Porto Alegre, pela primeira vez em muitos anos. Não lembrava de absolutamente nada da cidade, onde estive algumas vezes a trabalho quando criança, então era como um lugar totalmente novo pra mim. E o novo, de fato, assusta. Pega de surpresa as vezes, de supetão. E tudo era novo em Porto Alegre. Os lugares, as comidas, os cheiros, até mesmo as pessoas que, aqui, não eram tão novas. E é por isso que eu sempre digo: viajem muito, sempre que puderem. Pro interior do seu estado ou pra Coréia do Norte, de carro, de trem, de avião ou, como os tais antigos, de navio. Mas fuja da rotina, respire novos ares, prove novos sabores e temperos, conheça novos lugares, novas noites, novos espaços. Tenha uma paixão repentina e enlouqueça com ela, porque você sabe que, como as outras, ela também vai passar. É claro que, no meio do caminho, você vai encontrar percalços, vai tropeçar, vai se machucar e vai machucar os outros. Nem todos pensam igual, e isso é, então, inevitável. Se machucar alguém, peça desculpas e se redima, mesmo se achar que está certo, pois poderia ser você com o coração partido. Se de fato o é, extravase e diga o que pensa, na raiva ou na tristeza, para poder depois seguir em frente com a vida, porque o tempo não perdoa ninguém. Faça amigos nas viagens para que sempre sinta vontade de voltar, e tenha sempre uma casa pra te acolher em todo e qualquer rincão desse mundo, vasto mundo. Troque experiências e culturas. Converse muito, vire noites trocando idéia, essa é a maior bagagem que você pode ter. Fotografe, filme...grave seus momentos especiais. Eles jamais voltarão, mas é possível revive-los um pouco por meio das memórias registradas. Nunca deixe para dizer amanhã o que se passa pela sua cabeça hoje, para alguém específico ou para o mundo, pois talvez amanhã essa pessoa não esteja mais aqui, e o mundo não queira te ouvir. Se tiver tido paciência para ler essa baboseira impensada até o fim, aqui vai um ultimo conselho: não planeje demais as suas viagens, apenas o suficiente para não passar perrengues e dificuldades. Vez ou outra, pegue o carro e saia dirigindo, ou compre uma passagem de avião por impulso, e deixe que a vida se encarregará de te apresentar as surpresas. Nem sempre você vai gostar delas, mas esteja certo de que, no final, era o melhor pra você. Não costumo repetir o que digo, e só o faço quando acho deveras importante. Por isso, digo novamente, desta vez: Viaje sempre, sempre que puder. E não se esqueça, principalmente, que a vida é esse emaranhado confuso de coisas que acontecem enquanto você acha que está muito ocupado planejando ela. No fim você descobrirá, ainda, que não há nada como voltar pra casa. Acredito que vivi POA o máximo que me foi possível, e foi boa a descoberta desse "novo novo", mas nada se compara a ver da pequena janelinha do avião a minha cidade toda iluminada à noite, tão linda. Nesse momento eu só pensava que ali estavam os lugares, as pessoas, os sabores, os cheiros, tudo que me era mais familiar, e é importante voltar pra casa, também. Não sei de muito, mas disso eu sei. Viajar é preciso sim, poeta. Mas viver...Viver também é preciso.