sexta-feira, 18 de julho de 2008

"Eu bem que avisei a ela, o tempo passou na janela e só Carolina não viu." (Chico Buarque)

Passo o tempo. Enquanto o tempo passa, passo eu. O tempo passa sem mim enquanto eu passo pelo tempo. Vejo o tempo passar e espero. E é a inútil espera que mata o tempo, este que continua a passar ainda que eu não passe por ele. O que é a espera, além de crepúsculos que se somam sem acontecimentos frente ao meu olhar de memórias? Pelo que a espera é constituída, se nem eu mesma sei o que quero que venha? Sei, pois, muito mais do que eu não quero, e assim, a espera vai se fazendo de negações medrosas, de estranhos receios do desconhecido que me espera ali, a segundos, na rosa que nasceu, na gente que sambou, no barco que partiu...em tudo que ainda não tive, vi, vivi. Ainda negando, e ainda que negue, espero. Espero esperando um dia esperar sem negar; esperar pelo perpétuo, pela promessa do imutável ideal. Mais ainda, espero um dia não mais ver passar o tempo esperando, mas passar junto com o tempo. Ver o tempo passar na janela e saber, finalmente, que não preciso mais esperar.

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