quarta-feira, 28 de julho de 2010

Mutualismo

São várias as opiniões sobre o papel que devem exercer, assim como são comuns as críticas aos abusos que muitos cometem quando o assunto é meios de comunicação. Há séculos, livros ainda era escritos à mão e, por isso, muito raros e desejados. Passando pela grande invenção de Gutenberg, a imprensa, até os dias atuais, o culto à informação só tem crescido. É tamanha a ânsia por ver e saber que muitas pessoas perdem a noção do que é realmente necessário, deixando-se levar por interesses maiores daqueles que vivem para informar, ou em alguns momentos transformar, mentes vulneráveis. Excessos devem ser controlados, sem nunca comprometer a liberdade de informação.

A maior parte dos meios de comunicação em massa é controlada por empresas privadas. É, por esse motivo, vinculado somente o que atende os interesses individuais de seus proprietários. Tais empresários visam o lucro, e por isso não hesitam em exibir cenas fortes e violentas em horários que crianças estão acordadas, ou apelar para qualquer assunto que atraia espectadores. Assim, o Estado deveria criar um órgão eficiente que acompanhasse todos os passos da imprensa brasileira. Para evitar que seja o retorno da DIP e com isso a instituição da censura, pode-se, então, apoiar organizações não governamentais, como o Observatório da Imprensa, que já realiza esse trabalho para o bem da sociedade.

Esta, por sua vez, também possui o seu papel no combate ao abuso dos meios. Pesquisas afirmam que temas como sexo e violência atraem a atenção do público, tanto que já há até uma banalização desses assuntos. As pessoas já acham normal ver estampado nos jornais o número de mortos na última guerra do tráfico, ou que um programa de TV tenha como fundamento invadir a privacidade de um grupo de pessoas e filmar suas vidas ininterruptamente, transformando o voyerismo e o crime em assuntos comuns e rotineiros. Cabe a todo cidadão discernir entre o que acrescenta e o que é meramente apelativo.Se cada um não der mais credibilidade aos assuntos inadequados e inúteis, certamente estes deixarão de ser vinculados, já que não mais serão lucrativos. A liberdade estará garantida, bem como o patrimônio moral de todos.

As universidades também possuem um papel vital nessa preservação. Elas devem instruir melhor os alunos de carreiras como jornalismo e publicidade sobre o verdadeiro papel de um profissional da imprensa. É certo que o mesmo deve retratar a realidade, e esta é muitas vezes de violência, corrupção e escândalos. Entretanto, com a educação correta ele possuirá consciência de como os assuntos devem ser passados, sem recorrer á banalização ou à sede pelo capital. O homem é facilmente corrompido pelo dinheiro, sendo de fato difícil negar quando as condições para o enriquecimento, ascensão profissional e até a fama são favoráveis, mesmo colocando em xeque a ética. Todavia, é muito mais provável o bom senso e a moral prevalecerem com a instrução correta.

Dessa maneira, pode-se perceber que, assim como na Biologia, em que o mutualismo é a relação harmônica em que um necessita do outro para sobreviver, é necessária uma mobilização de todas as partes para o combate ao abuso dos meios de comunicação. Isso, é claro, preservando sempre a liberdade de expressão. Além disso, é indiscutível que se faz coerente uma reciclagem em todos os setores da comunicação voltada para as massas, para que se possa alcançar não só a preservação, mas a valorização dos princípios fundamentais da ética. Gutenberg, e toda a humanidade, agradecem.

2 comentários:

Beatriz Doblas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Selena Sartorelo disse...

Olá Carolina,

Teu texto é embasado com referências e argumentos quase incontestáveis. Mas falta-nos educação e conhecimento para que conceitos assim sejam entendidos e praticados. Estamos num país onde tudo interessa desde que não se pense, um país onde a tenho sempre a impressão na manipulação da pouca mémoria que tem e o conhecimento nesse caso só faz atrapalhar os interesses capitalista e mediocres dessa sociedade que julga sem propriedade. Diferente da informação que nos chega de todas as maneiras e meios. Falar em responsabilidades, direitos e deveres é importante demais..mas antes precisamos rever as escolhas que estão e são acessiveis. Sempre digo que tudo depende da compreensão de cada um...e essa está diretamente relacionada ao próprio tempo e vivência de cada um. Menina que hoje já é uma mulher Palavrasinteiras que as faz muito bem... Parabéns pela consciência que tem das coisas que são importantes para seres pensantes. Precisamos praticar e divulgar isso com inteligência e bom humor..acredito que é possível. Pois pensar dói para quem não está acostumado rsrs!!!

Beijos grandes e sinceros.

Vou adorar te conhecer...acredito sempre que de grão em grão as coisas podem melhorar.