quinta-feira, 8 de julho de 2010

Limites.



Não vou comentar sobre o caso Eliza Samudio aqui. Por motivos vários: a imprensa em geral já está amplamente noticiando o caso, não precisa ser este mais um meio de informação. Mas principalmente porque a meia dúzia de pessoas que lêem esse blog já perceberam que, aqui, todo e qualquer assunto engrena pro lado do humor. E sobre certas tragédias não se pode fazer humor. Nem o melhor dos humoristas conseguiria nesse caso. Arquitetar para matar uma pessoa, seja ela quem for (é um pouco pior quando se tem um filho com esta pessoa, mas vá lá.), mandar matar, esquartejar, desossar, dar a carne para cachorros comerem...É de uma crueldade tamanha que, simplesmente, não há muito mais o que dizer. Palavras faltam, pois mais uma vez o limite da maldade humana foi ultrapassado. Durante um tempo, achamos que ninguem poderia ser mais cruel que Suzane von Richtoffen. Daí veio o casal Nardoni, e nos desmentiu. Quebramos a cara mais uma vez. Há limites para a piada. O caso de Eliza Samúdio não tem graça.

Mas como a bruxa está solta no mundo das celebridades, graça tem o caso Lindsey Lohan. A garotinha de Garotas Malvadas, que ficou muito mais famosa por causa dos seus problemas com a lei, finalmente foi presa. Depois de ser detida por dirigir alcoolizada, perder a carteira de motorista, ser obrigada a andar com uma tornozeleira rastreada pela polícia e, finalmente, ser proibida de ingerir qualquer gota de alcool, ela não conseguiu. Mas não condenemos a pobre coitada, ela tinha compromissos. Quem aqui nunca teve que faltar um julgamento para curtir o Festival de Cannes que atire a primeira pedra! O que ela poderia fazer, se algumas festas são regadas a alcool e drogas? E daí que ela tirou uma foto ao lado de uma carreira de cocaína? Esse pessoal não entende nada mesmo...

Mrs Lohan violou a condicional, e desta vez não teve segunda chance. Mas não se fez de rogada, e apareceu por lá com a inscrição "Fuck You" em uma das unhas. Vai virar tendência na moda, isso é fato. E é triste. No mundo em que vivemos, ou tiramos sarro de tragédias, ou ficamos obcecados com barbaridades, ou devoramos histórias de assassinos modernos que arquitetam crimes muito além da nossa compreensão ou da criatividade de qualquer novelista, ou seguimos o exemplo de celebridades que são famosas simplesmente por serem famosas, e não porque têm, efetivamente, algo a oferecer. Consumimos essas informações sem o menor filtro moral. Mais do que nos informarmos, temos sede de desgraça. Na vida dos outros, é claro. A culpa é nossa, que não damos limites ao que consumimos e ao que valorizamos. A culpa é nossa, por não termos limites.