terça-feira, 27 de julho de 2010

O tempo é nada.

Dizem que o tempo cura tudo. Falácia dos tempos, doce ilusão dos corações esperançosos por uma rendição, ingênua certeza no poder dos dias. O tempo não cura nada, ele somente mascara um sentimento que se cansa sozinho de existir. Os dias passam, os meses passam, até os anos passam, e novas preocupações e problemas surgem pelo caminho, tomando lugar de outros, já velhos conhecidos. É como uma ferida. Com o tempo, nos acostumamos e ela para de doer momentaneamente. Por vezes até mesmo esquecemos de que ela estava ali. Mas se batemos aquele local ferido em algum lugar, se derramamos sem querer algo nele, ele volta a doer. E aquela dor vem com tudo, nos lembrando de como ela era antes. Assim como o tempo não cura, são também falaciosas aquelas teorias populares que afirmam que, para curar uma paixão, só mesmo outra paixão. Ou que um novo corte de cabelo é capaz de superar desilusões, como se elas fossem embora junto com as madeixas. Ou até mesmo que um bom porre ou uma enorme panela de brigadeiro podem curar dor de cotovelo. Elas nada fazem além de engordar. Se um dia você se machucou, ou se alguém te machucou, pode estar certo de que você pode até superar este confronto, amenizar essa situação quando outras tantas mágoas aparecerem, e viver bem – com sorte, muito bem – com isso. Mas curar-se totalmente, não dá. Como um vírus da gripe que nunca deixa de sair do seu organismo, e em qualquer recaída da sua saúde ele ataca novamente. Não é uma questão de perdão, mas de boa memória. Viva com as suas mágoas e suas dores, tente encará-las como cicatrizes ou até mesmo belas tatuagens que preenchem o seu corpo e contam a sua história, afinal elas são, também, parte da sua vida, e te fazem quem você é. Acima de tudo, faça o seu melhor para não machucar ninguém, pois como você, aquela pessoa também terá que conviver com isso para sempre. Porém, não se iluda, não se engane e não se prenda à esperança de que o tempo vai, por si só, fazer desaparecer tudo aquilo que te corrói hoje. Mas não se desespere! Não se prenda em uma bolha, não desista de interagir com pessoas, não tenha medo de paixões e loucuras. A dor é física e pode ser boa. Ela é evidência, enfim, de que ainda sentimos alguma coisa.

2 comentários:

Lilian Souza disse...

Mt bom esse post...adoreiii ...ahh visita meu blog http://viveredeixarmorrer.blogspot.com/

Bel disse...

"Viva com as suas mágoas e suas dores, tente encará-las como cicatrizes ou até mesmo belas tatuagens que preenchem o seu corpo e contam a sua história, afinal elas são, também, parte da sua vida, e te fazem quem você é. "

Discordo.

Somos muito maiores que a nossa história ;)