domingo, 2 de agosto de 2009

Lá vem a noiva.

Casamentos me comovem. É sempre assim. Fico ansiosa esperando a noiva entrar, choro quando ela entra, choro nos votos, choro quando os noivos saem, choro na primeira dança. E estranho a reação estática e fria que muitas pessoas têm a isso. Acredito, inclusive, que nossa sociedade pós-moderna quase nos impõe uma certa dureza, como se a entidade do casamento fosse algo ultrapassado, que já não tem mais valor, que ficou para trás. E que apreciá-la o torna alguém de cabeça fechada, preso a valores antigos, careta. Sinceramente, porém, não ligo nem um pouco pra esse tipo de pensamento atual, porque acho, sim – e sem vergonha de assumir – a instituição do casamento uma das coisas mais bonitas que alguém pode fazer em vida.
Estou escrevendo sobre isso porque ontem fui ao casamento de dois amigos meus muito próximos ao meu coração e muito queridos. E pouco antes de a cerimônia começar, já sentada na simpática e pequenina Igreja São Conrado, me peguei absorta em meus próprios devaneios, e só conseguia pensar a tamanha sorte que tiveram os dois por terem se encontrado. Sim, porque estou longe de acreditar em almas gêmeas, mas em um mundo com bilhões de pessoas, eles se conheceram, e em determinado momento pela vida se olharam e disseram “é com você que eu quero ficar pra sempre”. E ali, naquela noite, aquela capelinha estava repleta do mais sincero sentimento de amor. Não só o dos noivos, mas também dos familiares e amigos presentes, que se dispuseram a sair de casa justamente para celebrar essa união.
Casar é assumir um compromisso para a vida inteira. É abrir mão de um monte de outras bocas, peles, cheiros e sexos porque, sinceramente, a existência deles nem mesmo importa. Só uma pessoa basta. É juntar seu caminho com o de outro para, juntos, trilharem um só. É dividir quem você é com alguém, é somar-se, completar-se. É declarar para o mundo inteiro, e dividir com as pessoas mais próximas, a alegria de ter finalmente encontrado aquele – ou aquela – que você esteve esperando sua vida inteira. E é, acima de tudo, crer no amor e trabalhar por ele, todos os dias. É ter a coragem de arriscar. E fazer dar certo.
Para aqueles que assistem, principalmente os que amam alguém, como eu, não é humanamente possível furtar-se a pensar no dia em que aquela cerimônia estará acontecendo consigo próprio. O dia que chegar a sua vez de gritar para quem quiser ouvir que você, agora, pertence a outro além de pertencer a si mesmo, e que o faz de bom grado. Que você entrega seu coração sem medo e sem receio. Enquanto esse dia não chega, resta-nos ser um pouco abençoados por aquele amor ali presente, um pouco energizados por ele, e em troca abençoar e energizar os recém-casados com os nossos mais profundos sentimentos de carinho, amizade, respeito, votos de felicidades, companheirismo e, como não poderia deixar de ser, amor. Muito amor. Esse sentimento que, embora banalizado nos dias de hoje, é tão magnífico que nem mesmo é possível explicá-lo, cantá-lo ou escrevê-lo, somente vivê-lo. E é o mais próximo do divino que podemos vivenciar aqui.



Obs: Esse texto é dedicado aos meus queridos amigos Maria Victória e Rodrigo. Que o caminho de vocês seja repleto de luz. Que tenham, juntos, uma vida inteira de alegrias, e que ela seja tão bela e feliz como a cerimônia e a recepção de ontem a noite. São os meus mais profundos votos. Um beijo enorme, Cá.